Quantcast
Channel: Cinemas do Paraíso
Viewing all 92 articles
Browse latest View live

TCN Blogger Awards 2013 - Nomeação Artigo de Cinema

$
0
0



Meus caros visitantes




O artigo A difícil arte de ver cinema no Séc. XXIpublicado neste blogue, foi nomeado para o prémio de melhor artigo de cinema nos TCN Blog Awards 2013, um evento promovido pelo blogue Cinema Notebook e o Take Cinema Magazine, cujos prémios serão entregues no dia 21 de Dezembro em Lisboa.
A votação está a ocorrer e se quiserem votar, basta ir a este link: http://cinemanotebook.blogspot.pt/, na barra lateral à direita, procurar a categoria de Artigo de Cinema e votar na 1ª opção: A difícil arte de ver cinema no Séc. XXI.  A votação prolongar-se-á até dia 7 de Dezembro.

Vamos ajudar a promover este blogue...ele bem merece!

Teatro Carlos Alberto: mais um cinema renovado

$
0
0
Doze anos se passaram entre o incêndio do Real Teatro de São João (1908) e a entrada em funcionamento do novo Teatro de São João (1920), o que permitiu que outros teatros portuenses realizassem obras de melhoramento, competindo entre si para ocupar temporariamente o lugar do único "teatro de primeira ordem" da cidade.
O Teatro Carlos Alberto, inaugurado em 1897 e localizado na Rua das Oliveiras, foi um deles.  A sua designação advém do rei da Sardenha que morreu exilado no Porto em 1849, e que tinha sido acolhido no Palacete do Barão do Valado, onde o teatro foi edificado por iniciativa de Manuel da Silva Neves. Era um espaço essencialmente de cariz popular, que apresentava espectáculos como o "circo dos cavalinhos", operetas, teatro ligeiro e cinema.



















Durante muitos anos este espaço exibiu cinema, transformando-se num espaço "chunga" pouco conveniente para jovens e senhoras, onde muito acontecia quando as luzes se apagavam. Contudo tinha um aliciante principalmente para os estudantes universitários da zona, que por pouco dinheiro conseguiam ver dois filmes, geralmente uma "coboiada" e uma comédia ou policial, variando conforme a programação. 






No final da década de 1970 este espaço foi alugado pela Secretaria de Estado da Cultura, e em 1980 abriu portas como Auditório Nacional Carlos Alberto passando a acolher uma programação mais diversificada, até ser encerrado em 2000 com uma festa chamada DesANCA - Destruição Sistemática do Auditório Nacional Carlos Alberto



Em 2001, este edifício seria adquirido pela Sociedade Porto 2001 devido à aproximação do evento "Capital Europeia da Cultura".
Este espaço seria remodelado com o projecto do Arqt.º Nuno Lacerda Lopes, que pretendia reformular, readaptar e inovar o edifício  conferindo ao mesmo um carácter único no meio dos restantes espaços teatrais existentes no Porto, oferecendo assim um espaço aberto à experimentação de novas performances cénicas e de representação teatral.



Esta obra contemplou o aumento do volume do edifício  criando-se melhores áreas de organização interna do mesmo, para além de permitir o desenvolvimento de um programa funcional mais completo. Foi construído um auditório  que permite diversas formas de representação e utilizações, como o teatro à italiana, anfiteatro, sala circular com palco de localização variável, etc. Também houve a preocupação de dotar este espaço com um conjunto de áreas que respondessem às mais diversas solicitações, reorganizando todas as zonas subaproveitadas e reforçando assim a sua importância como casa de espectáculos contribuidora de actividades culturais na cidade do Porto.




Este projecto pretendeu criar espaços acentuadamente verticais que se confrontam com outros horizontais, propondo corpos com materiais opacos e sólidos em oposição à transparência e desmaterialização de outros. O palco e a plateia confundem-se e os espaços perdidos, transformados em foyers, funcionam como uma extensão de uma rua antiga e estreita que nesse interior se transforma em praça. Foram utilizados diversos elementos, desde o corpo em madeira da administração, à caixa de vidro para a vivência pública e ao paralelepípedo de betão (que assegura a circulação vertical pela caixa do elevador) que contribuem para a intersecção da linguagem arquitectónica com a expressão cenográfica. Após um processo atribulado de avanços e recuos, o novo Teatro Carlos Alberto foi inaugurado em 2003.







Fonte:
http://www.tnsj.pt/home/teca/index.php?intID=7&intSubID=11
http://escape.expresso.sapo.pt/teatro-carlos-alberto-10703
http://www.cnll.pt/blog/index.php/works/teca/?lang=pt
http://casoseacasosdavida.blogspot.pt/2010/12/memorias-de-outros-tempos-cinema-carlos.html
http://opsis.fl.ul.pt/Infographic/Index?SmallDescription=teatro%20carlos%20alberto&pageIndex=1

Primeiro poster dos CBA 2014

Cinemas do Paraíso: Açores, parte II

$
0
0



Depois da visita feita ao Teatro Micaelense na Ilha de São Miguel, regresso ao arquipélago dos Açores para visitar o Teatro Faialense, localizado na Ilha do Faial.
A história do Teatro Faialense (Alameda Barão de Roches, n.º 31) inicia-se em 1852, onde num granel (propriedade do advogado João de Bettencourt de Vasconcellos Corrêa e Ávila) funcionava um pequeno teatro de seu nome Tália, que na altura gozava de um  enorme sucesso de público. Pode se dizer que foi este advogado, uma pessoa culta e enamorada do teatro, que planeou o Teatro União Faialense.
Em 1854 foram derrubadas as velhas paredes do granel para, no seu lugar, ser construído um novo edifício que seria inaugurado em 1856 com a designação de Teatro União Faialense.
No Verão de 1880 João Francisco de Eça Leal chegou à cidade da Horta, onde fez representar 17 das suas peças (desde dramas a comédias) que promoveram um aumento da dinâmica teatral na cidade. A sua influência notou-se na remodelação e inovação dos cenários, maquinismos e na própria arte da representação.
Nesta fase, o Teatro União Faialense encontrava-se em mau estado e em necessidade urgente de obras, o que levou a que José de Bettencourt de Vasconcellos Corrêa e Ávila Jr. efectuasse a remodelação do mesmo. Tudo foi refeito, desde os camarins passando pelo cadeirado para plateia, pintura total (incluindo o tecto da sala de espectáculo), alguns cenários, substituição do pano de boca, etc. Em 1884, o teatro reabriria as suas portas ao público faialense.
Com o tempo este espaço tornou-se pequeno e deficiente, obrigando José de Bettencourt de Vasconcellos Corrêa e Ávila Jr. a demoli-lo e a reconstruir (com o seu próprio dinheiro) um novo teatro que designou de Teatro Fayalense, inaugurado em 1916. Em 1933 foi exibido o primeiro filme sonoro neste teatro, depois das transformações necessárias para o efeito. João de Bettencourt de Vasconcellos Corrêa e Ávila resolveu montar uma nova aparelhagem com o auxilio do seu primo, Eng.º Max Korsepius, também inaugurada no mesmo ano. 
Durante a administração de João de Bettencourt de Vasconcellos Corrêa e Ávila foi inaugurado o Cinemascope em 1959, como também foram realizados importantes melhoramentos na zona norte do teatro, nomeadamente a substituição do cadeiral da plateia em 1975.


Entre 1976 e 1988, a exploração deste espaço esteve a cargo de empresários privados, tendo em 1991 comemorado os seus 75 anos de existência. 
Mais tarde, este teatro foi adquirido pela Câmara Municipal da Horta. Os moldes da sua aquisição municipal e a sua respectiva recuperação foram motivo para acesas discussões politicas na década de 1990, o que não dignificou nenhum dos seus intervenientes, atrasando o processo de recuperação e causando custos sociais e económicos para toda a ilha.
Este teatro foi renovado, tendo sido construída também a actual caixa de palco. Em 2003 a Câmara Municipal entregou a gestão deste teatro à empresa Hortaludus.
Actualmente, o Teatro Faialense é composto por um Cine-Teatro, Auditório, Sala Polivalente e Bar, onde se realizam os mais diversos eventos, proporcionando assim uma grande oferta cultural. O Cine-Teatro tem capacidade para 350 lugares e o Auditório para 73 lugares.







Fonte:
https://www.facebook.com/pages/Teatro-Faialense/382416905129509?sk=info
http://largodoinfante.blogspot.pt/
http://atelierestrelicia.blogspot.pt/
http://www.azorescongresses.com/?
lop=conteudo&op=98dce83da57b0395e163467c9dae521b&id=fc221309746013ac554571fbd180e1c8
http://citizengrave.blogspot.pt/2012/10/cinemas-teatros-e-cine-teatros-2.html
http://geocrusoe.blogspot.pt/2008/01/estruturas-e-instituies-culturais-no.html

Visita à era de ouro dos animatógrafos em Lisboa

$
0
0
Depois da história publicada sobre o Salão Fantástico (um dos primeiros animatógrafos que surgiu em Lisboa no inicio do século XX), continuei a pesquisa sobre mais alguns espaços esquecidos de Lisboa que tiveram a sua importância histórica, principalmente na área cinematográfica. 
O primeiro animatógrafo a ser redescoberto é o Salão Avenida, inaugurado em 1898 na Avenida da Liberdade, um pouco acima da Rua das Pretas.
O seu aparecimento deveu-se ao capitalista Alexandre Mó (um dos homens mais respeitados da alta sociedade lisboeta), responsável pelo aparecimento da empresa que explorava as exibições do animatógrafo do Coliseu dos Recreios. Também já se encontrava ligado ao mundo do espectáculo graças ao auxilio financeiro que prestou na construção do Teatro Avenida, inaugurado em 1888 na Avenida da Liberdade. Contudo, um desentendimento com o seu sócio Manuel Costa Veiga fez com que ele se aventurasse sozinho e investisse numa nova sala exclusiva para sessões cinematográficas.
Essa aventura foi o surgimento do Salão Avenida que teve uma existência curta, encerrando um ano depois de ter sido inaugurado. O seu edifício foi depois reutilizado para ser o local do depósito de água das Lombadas (ver fotografia), a sede da Aero-Portuguesa e, mais tarde, o Café Avenida. Actualmente alberga um conjunto de escritórios, mas ainda mantém a fachada original.



A próxima paragem leva-nos à zona do Chiado (que juntamente com as zonas do Rossio e Restauradores eram as mais privilegiadas no surgimento de animatógrafos), mais concretamente à Rua Nova do Almada, onde se situa um dos edifícios mais famosos da cidade...os Armazéns do Chiado. Perguntarão...porquê que este edifício está a ser mencionado neste blogue? Muito simples...este edifício também albergou um animatógrafo.
Em 1907 um senhor chamado Raul Lopes Freire (filho de um respeitado comerciante lisboeta) decidiu inaugurar um animatógrafo, depois de ter assistido à exibição de filmes no Coliseu dos Recreios. Esta sua paixão pelo cinema fez nascer o Salão Chiado (conhecido também como o "Animatógrafo dos Armazéns do Chiado"), localizado no interior dos Armazéns do Chiado.
O espaço, dirigido pelo austríaco Francisco Stella, era pequeno e modesto mas tinha uma boa afluência popular, o que lhe permitiu manter uma estável situação económica. Exibia fitas "para todos", com cançonetas e duetos nos intervalos, mas também fitas "para homens" em determinados dias.
Contudo, como homem de negócios que era e entusiasmado com o sucesso deste salão, Raul Lopes Freire decidiu adquirir uma sala mais ampla e cómoda. Esse desejo levou ao surgimento do Salão Central na zona dos Restauradores em 1908, mas a afluência do público ao Salão Chiado mantinha-se inalterável.
No entanto, Lopes Freire resolveu findar a curta mas brilhante carreira do Salão Chiado em 1908, para se dedicar à exploração mais rentável do novel Salão Central.






No mesmo ano de 1907 foi inaugurado outro espaço que também seria um animatógrafo. Designou-se de Teatro Moderno e localizava-se na Rua Álvaro Coutinho, junto à Avenida Almirante Reis. Esta inauguração deveu-se aos esforços do antigo actor Santos Júnior e a referida casa de espectáculos era ampla e bonita, permitindo a realização dos mais diversos espectáculos. A partir de 1910 este espaço começou a exibir cinema, função esta que durou vários anos a par da teatral. Em 1916, este espaço funcionava como um cine-teatro o seu programa incluía a projecção de filmes, variedades e circo.
No entanto em 1918, este espaço findava as suas actividades, sendo vendido e demolido. O seu pano de boca (na época de notório sentido artístico) adquirido por um ferro velho, foi comprado por uma empresa teatral da época para ser utilizado no seu próprio recinto de espectáculos.










Outro espaço que também se transformou em animatógrafo, e que ficava bem próximo do Teatro Moderno (na antiga Travessa do Borralho, actual Rua Francisco Lázaro), foi o Teatro Salão dos Anjos, vulgo Teatro do Borralho.
O seu aparecimento ocorreu no inicio do Século XX e foi construído para ser essencialmente um teatro, apesar das suas modestas instalações. Em 1914, este espaço começou a ter sessões de cinema, mas viria a encerrar na década de 1930, tornando-se mais tarde na sede do Lisboa Ginásio Clube.





Em 28 de Março de 1880, o jornal "Diário de Noticias" descrevia com pompa e circunstância a inauguração de uma casa de espectáculos designada de Teatro do Rato. Este novo espaço era descrito como bonito, decente, com ares de elegância despretensiosa, possuidor de um salão de sofás estofados, de ouvreuses para abrir os camarotes e elogiar as senhoras, de uma boa iluminação que davam relevo às alegres decorações, de 500 lugares e de uma razoável orquestra.
Este popular mas esquecido teatro situava-se no pátio da antiga Quinta do Ferreira (terreno que pertencera à Fabrica das Sedas), propriedade então do Marquês de Palavicini, com entrada pelo Largo do Rato que sobreviveu à passagem do tempo.
Contudo, a sua existência foi atribulada. Em 1881 encerrou durante alguns meses, reabrindo depois com a companhia organizada por Salvador Marques, da qual fazia parte a actriz Adelina Abranches. Os preços da plateia variavam entre os 100 réis e os 300 réis, os camarotes de 1ª ordem entre 1$200 e 1$500 e as frisas entre 1$000 e 1$200 réis. Este preçário era bem mais acessível do que os praticados nos elitistas São Carlos e Trindade. Mas este pormenor não era o único que diferenciava este teatro dos outros. Também foi importante o repertório que modelou o auditório popular deste pequeno teatro. Passaram por este espaço actrizes célebres como Palmira Bastos, Sofia Santos e Filomena Calado. Este popular mas modesto teatro foi palco para a estreia e despedida de grandes actores durante a sua curta e atribulada existência.
Até 1906 este teatro era gerido pelo actor Santos Júnior, até que um incêndio devorou a sala de espectáculos. As chamas também consumiram a barraca do Bazar Tourada, que na época estava armada junto do teatro. Reza a história que o animatógrafo passou por este espaço em 1910, embora de uma forma momentânea.







Em 1907 a zona do Chiado voltou a ser agraciada com o surgimento de um novo salão, que iria aderir à grande moda da época que era o animatógrafo. Este espaço designado de Salão São Carlos localizava-se na Rua Paiva de Andrade, junto ao edifício da Casa Ramiro Leão e perto do Palácio Pinto Bastos.

Na época era considerada uma bela sala com todas as comodidades e segurança, possuindo diversas salas de espera e uma enorme sala de buffet. Os donos não pouparam a meios para equipar este espaço com o melhor equipamento de projecção existente na altura.
Sessões variadas realizavam-se todas as noites das 19 às 23 horas. Aos Domingos e dias santificados existiam matinés a partir às 13h30.
Os preços eram razoáveis, apesar da utilização de um aparelho caro como o Electro-Kino. Assim, a "geral" tinha o preço de 60 réis e as "cadeiras" custavam 110 réis. A publicidade a este espaço era feita através de panfletos que eram distribuídos pela população, que assim ficava a saber quais eram os espectáculos que iriam ser exibidos no referido salão.
Contudo o estado de graça durou pouco tempo, mais concretamente um ano e meio. O seu encerramento ocorreu devido ao aparecimento de outras salas mais amplas e modernas espalhadas pela cidade.



O Salon Rouge foi mais um  espaço lisboeta a usufruir da experiência do animatógrafo, tendo sido inaugurado em 1908 na Rua Dom Pedro V entre o Bairro Alto e o Príncipe Real. A sua designação era muito pomposa, mas a sua fachada era tudo menos isso. Era um salão improvisado sem muita comodidade ou requinte, mas que conseguiu permanecer aberto durante quase duas décadas.

Na época esta sala, a partir da meia noite, exibia fitas pornográficas em sessões denominadas Sessões para Ingénuos: Fitas d'alta potência. Estes filmes eram mudos e de curta duração e provavelmente de origem francesa, visto que a França (a par dos EUA) foi uma das precursoras da pornografia cinematográfica. Foram exibidos filmes com títulos interessantes como Espectáculo Imprevisto (natural), Aventuras no Campo (desenjoativo), Justina a tomar banho (preparação), Duas Amigas (Hoje há fressura), Pintor Modelo ( Principia a erecção), etc.
Graças ao sucesso destas exibições bastante acaloradas, o Salon Rouge chegou a ter filiais como o Chalet Rotunda na Feira de Agosto. Contudo este espaço viria a encerrar em 1926 e converter-se-ia numa garagem.



Em 1909 abriu ao público o "Grande Animatographo de Alcântara", que anos mais tarde (quando passou para as mãos do publicista Ludgero Viana) ganharia a designação de Animatographo de Alcântara.
Localizado na famosa Avenida 24 de Julho, era considerado na altura um dos mais vastos recintos da cidade embora as suas instalações ficassem aquém dessa vastidão. Mas isso não impediu que tivesse um público fiel, com sessões à 2ª feira, 4ª feira e Domingo.
Este espaço (também conhecido como Salão Alcântara) ardeu em 1918 num violento incêndio causado por um curto circuito, o que valeu ao seu empresário (responsável pela exploração da sala) um valente prejuízo, visto que ele não tinha nada coberto pelo seguro. No entanto a propriedade (que pertencia ao industrial J. Lino) que abrangia o terreno e o imóvel estava coberta pelo seguro. Assim sendo no final desse ano foram iniciadas obras de reconstrução feitas em tempo recorde, permitindo a reabertura deste espaço público no inicio de 1919.
Infelizmente este espaço só duraria mais três anos, encerrando a sua actividade em 1922. O edifício foi desaparecendo com a passagem do tempo e, actualmente, só existe uma fachada em vermelho de um espaço que outrora marcou significativamente o meio social lisboeta.





Fonte:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/11/cinematografos-e-animatografos.html
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/01/grandes-armazens-do-chiado.html
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/10/agua-das-lombadas.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/10/salao-chiado-1907-1908.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/10/salao-avenida-1900-1901.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/10/salon-rouge-1908-1926.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/12/animatographo-de-alcantara-1909-1922.html
http://www.f-saomamede.pt/up_files/1272623782.pdf
http://www.dn.pt/gente/interior.aspx?content_id=1322759
http://opsis.fl.ul.pt/Infographic/Index?SmallDescription=teatro%20moderno&level=patternLevel&pageIndex=1
http://opsis.fl.ul.pt/Infographic/Index?SmallDescription=teatro%20do%20rato&level=patternLevel&pageIndex=1
https://sites.google.com/a/lgc.pt/paginaweb/historia/anjos63.jpg
http://www.cm-lisboa.pt/uploads/pics/ASR_GinasioClube_Descentr_7_junho_net.jpg
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2127191&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2109417&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2109418&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2108168&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2108153&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2109419&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2127248&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2333214&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2118686&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=1968583&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/x-arqweb/ContentPage.aspx?ID=9521ec7b864b0001e240&Pos=1&Tipo=PCD

Cinemas by Night

$
0
0
Depois de um passeio noturno por Lisboa, imbuída de um espirito natalício que se encontra espalhado por toda a cidade, resolvi partilhar com os ilustres visitantes deste blogue algumas fotografias que tirei a alguns cinemas... aproveitando o encanto da noite e das luzes de Natal. 

Espero que gostem!


Cinema São Jorge - Avenida da Liberdade






Cinema Condes (atual Hard Rock Café) - Praça dos Restauradores






Interior da Estação do Rossio (antigo Cinema Terminal) - Rossio




Teatro Politeama - Rua Portas de Santo Antão




Animatógrafo do Rossio - Rua dos Sapateiros (Arco da Bandeira)






Cinemas do Paraíso: Odivelas

$
0
0
Hoje fico-me por casa e vou falar da terra que me acolheu há 35 anos...sim, vou falar de Odivelas, mais concretamente dos espaços cinematográficos que possuiu e ainda possui.
A cidade de Odivelas, que há 15 anos se tornou em Concelho, não virou a cara à maravilha que inundou o país no inicio do Séc. XX... o cinema.
Graças à Sociedade Musical Odivelense (SMO), foi iniciado o processo que iria dar lugar ao primeiro cinema nesta cidade na década de 1920.


As primeiras projecções cinematográficas ocorreram numa sala cedida pelo Clube "Os Passarinhos", com sessões pontuais e privadas. Dessa altura nada ficou registado sobre os filmes que foram exibidos, mas dessas primeiras experiências concluiu-se que o cinema era fascinante para o público e altamente rentável como actividade.
O cinema vai ganhando espaço na SMO até se tornar na sua principal actividade na década de 1930, lugar que ocupará até à década de 1970. 
Em 1931 e com a edificação de sede própria, o cinema torna-se numa actividade regular com a exibição de filmes como A Maria Papoila, A Aldeia da Roupa Branca ou O Ditador.
Em 1936 a exploração do Salão de Festas como cinema é autorizada pelo Ministério das Obras Públicas e Comunicações, fazendo com que o projecto do Cine-Teatro ganhasse consistência.
As exibições feitas na sede complementavam-se com as sessões de cinema ao ar livre, que ocorriam durante o Verão. Estas sessões ocorriam inicialmente em espaços cedidos temporariamente para a realização da animação de Verão. Um desses primeiros locais  foi o quintal do Sr. Antunes Branco, disponibilizado à SMO em 1938.
Em 1956 o cinema ao ar livre deixa de ser exibido em vários locais devido à negociação feita com o Sr. Valentim Duarte das Neves, proprietário de um local que ficava na Rua do Souto. Seria nesse local que seria edificada a Cine Esplanada, inaugurada em Junho do mesmo ano, e que daria ao cinema ao ar livre um espaço próprio.



Só em 1967 é que se atribui a licença do titulo definitivo da exploração da esplanada como cinema pela Secretaria Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, passando os odivelenses a dispor de uma sala ao ar livre que poderia albergar 500 espectadores.
Até à década de 1980, a SMO dependia da actividade cinematográfica em termos económicos, mas isso se alteraria com o aparecimento de novos espaços concebidos de raiz para a actividade cinematográfica que iriam oferecer aos odivelenses uma programação mais cuidada e actualizada. Tanto o Cine-Teatro como a Cine Esplanada da SMO não aguentaram a concorrência e acabaram por findar a sua actividade, uma das mais lucrativas e populares da história desta entidade.

No Diário da Assembleia da República de 28 de Outubro de 1987 no Projecto de Lei nº 55/V que tratava da elevação da vila de Odivelas a cidade, consta que nessa altura Odivelas possuía quatro salas de espectáculos: Sociedade Musical Odivelense, Cine-Esplanada de Odivelas, Odivel- Cine e Cinema Oceano.

Em 1980 surgiu o primeiro centro comercial em Odivelas, de seu nome C.C. Kaué, localizado na Rua Major Caldas Xavier. Nesse estabelecimento, existia um cinema de seu nome Cine Odivel. Durante anos foi essencialmente um cinema de reprise, mas também assistiu-se a algumas estreias como a do filme Titanic em 1998, que foi um autêntico sucesso entre os odivelenses.  A sala não era muito grande, mas era agradável...um pouco vintage e datada devido ao aparecimento de novos centros comerciais com salas de cinemas mais modernas e melhor equipadas. O Cine Odivel fechou as portas em 2004, mas graças à obstinação do empresário e gerente do C.C. Kaué, de seu nome Raul Melo, foi possível recuperar este espaço e transformá-lo num auditório designado de Kaué Auditório D. Dinis, inaugurado em 2011.


Em 1984 surgiu o segundo centro comercial em Odivelas, de seu nome C.C. Oceano na Av.ª D. Dinis. Constituído por 75 lojas distribuídas por vários andares, este centro era magnânimo na época e teve direito ao seu próprio espaço cinematográfico designado de Cinema Oceano. Recordo-me perfeitamente de ir a uma sessão de cinema pela primeira vez, inserida numa turma de crianças endiabradas, neste cinema. Até me lembro muito bem do filme: Fievel, um conto americano. A sala era enorme e o hall e a zona do bar eram muitos espaçosos e iluminados. Era sem dúvida uma sala muito interessante e vistosa na época, mas também não esteve muito tempo aberta. Depois do seu encerramento, a sala transformou-se numa loja de roupa (lembram-se da Barcelona 92?) e actualmente não há vestígio da sua anterior existência.



No inicio do novo século, surgiu o terceiro centro comercial em Odivelas designado de Centro Comercial Odivelas Parque (actual Strada Shopping + Fashion Outlet) na Estrada da Paiã. No seguimento de outros centros comerciais modernos que foram aparecendo pelo país fora, Odivelas teve direito ao seu gigantesco centro comercial  com múltiplas salas de cinemas (neste caso são seis) com a designação de Zon Lusomundo Cinema. Apesar da modernidade e do conforto, estas salas não têm metade do encanto de outras salas de cinema que existiram em Portugal e muito menos em Odivelas. 


Odivelas pode gabar-se de ter aderido à magia do cinema no seu primórdio e de ter tido espaços interessantes que encantaram a sua população, deixando memórias intensas nos odivelenses.


Fonte:

Feliz Natal e um Próspero 2014


Cinema Trindade: mais um "bingo" portuense

$
0
0
Inicio o ano de 2014 com uma viagem à belíssima cidade do Porto, onde se localiza um cinema que já foi importante para a cidade, mas que, actualmente, vai sobrevivendo como mais um "bingo".
O Cinematógrafo Jardim da Trindade (mais conhecido como Cinema Trindade) deveu a sua construção a Manoel da Silva Neves (dono dos terrenos onde se situa o edifício na Rua Ricardo Jorge) que, juntamente com o Arqt.º Agostinho Ricca Gonçalves e o Arqt.º Benjamim do Carmo, foi responsável pelo projecto de construção.






Este espaço foi inaugurado em 1913, tendo sofrido algumas beneficiações pontuais. Em 1957 sofreu remodelações de maior envergadura, sob a coordenação do Arqt.º Agostinho Ricca Gonçalves e do Arqt.º Benjamim do Carmo.



















O espaço original conseguia acomodar 1191 espectadores, distribuídos por plateia, 1º e 2º balcões, fazendo dele um das maiores salas do país na época. Na década de 1980, seguindo a moda que era praticada noutras salas de cinema e para fazer face à concorrência dos multiplexes do centro comerciais, a sala principal foi cortada em duas. A sala maior ganhou a designação de Cinema Trindade e a outra sala (um estúdio de menores dimensões) ganhou o nome de Salão Jardim Trindade.































Estas salas encerraram actividade em 1989, tendo na década de 1990 sofrido obras do Arqt.º Bento Lousã que lhe atribuíram a dupla função de cinema e salão de jogos.
No entanto devido ao baixo número de espectadores, este cinema acabou por encerrar definitivamente as portas em 2000. 
Em 2008, este cinema ressurgiu das cinzas graças à iniciativa da Associação Cultural Plano B, que trouxe o que melhor se tinha visto no Festival Indie em Lisboa, proporcionando assim um reencontro de cinéfilos com o histórico Cinema Trindade.
Actualmente, este espaço encontra-se de portas abertas como "bingo" pertencente ao Sport Clube Salgueiros, embora no ano passado tenha passado por uma enorme turbulência devido ao despedimento de diversos funcionários. Também funciona como sede do Sport Clube Salgueiros 08.



Fonte: 
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2012/08/trindade-porto.html
http://balcaovirtual.cm-porto.pt/PT/cultura/patrimoniocultural/patrimonioarquitetonico/atividadesprojetos/jornadas%20europeias%20do%20patrimonio/Documents/Folheto_Santo%20Ildefonso.pdf
http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=937568
http://opsis.fl.ul.pt/Infographic/Index?SmallDescription=cinema%20trindade&pageIndex=2

Visita à era de ouro dos animatógrafos em Lisboa, parte II

$
0
0
De regresso a Lisboa, vou novamente visitar animatógrafos que foram aparecendo pela cidade no inicio do Séc. XX.
A década entre 1910 e 1919 foi marcada pelo grande desenvolvimento internacional da indústria cinematográfica. Os filmes ao tornarem-se mais longos e de melhor qualidade, vieram eliminar a inclusão de outras expressões artísticas no programa dos animatógrafos. Alguns filmes por si só já conseguiam assegurar o espectáculo. 
O aparecimento de filmes com enredo vieram aumentar a frequência de espectadores, o que levou ao surgimento de mais espaços cinematográficos, como também ao encerramento de muitos outros. E isto deveu-se ao facto de alguns cinemas não terem feito obras de melhoramento, o que levou o público ávido de novidades (quer tecnológicas, quer de instalações) a rumarem para outras salas melhores. Também é importante realçar que a modificação do sistema de contractos (o aluguer das cópias em vez da compra) deixou o exibidor mais desprotegido, uma vez que os contractos a cumprir eram mais apertados (menos sessões para realizar dinheiro).
Foi nesta década que também se verificou que o fenómeno do cinema ia se estendendo para outros bairros de Lisboa, deixando de se concentrar somente no eixo Restauradores-Rossio-Chiado. Esses espaços eram designados de "cinemas de reprise".
O Salão Cosmopolita abriu as portas em 1914 na Rua da Mouraria (próximo do Salão Lisboa), mas a sua existência foi curta (igual a de muitos animatógrafos da época). Em 1916, as suas portas permaneciam abertas acolhendo perto de 510 frequentadores residentes no castiço Bairro da Mouraria. No entanto, este espaço fecharia as suas portas em 1919.




O Bairro da Estefânia também viria a ter um espaço dedicado ao cinema, visto que era uma zona da cidade composta por uma larga faixa de pequena burguesia denominada de "gente remediada". Cinema Império (não confundir com o outro cinema com o mesmo nome) era o nome desse espaço que abriria portas em 1916 na Rua Pascoal de Melo e que era gerido pela firma proprietária Lopes & Rogado, que publicitou-o como "cinema de elite".
Os espectáculos eram feitos às 5ª e 6ª feiras, Sábado e Domingo (neste dia as sessões eram às 20h30 e 21h45, com matinés às 15 horas), onde realizava-se uma só sessão às 21 horas.
Era um espaço que apresentava a novidade de vender bilhetes com antecedência, o que garantia um lugar reservado e também um programa. Mas isso não foi o suficiente para cativar o público, o que levou ao seu encerramento em 1918.



Entre os Bairros de Santa Catarina e Lapa existiu um espaço que também exibiu cinema, de seu nome Salão Edison. Iniciou funções em 1919 (numa zona onde não existia qualquer outros espaço dedicado à mesma arte), num pátio recolhido no Largo do Conde Barão, à semelhança de outros espaços na época  como o Teatro do Rato e o Casino Étoile. Esteve alguns anos aberto, até fechar portas em 1941.



De regresso à zona nobre do Rossio, falo-vos de um animatógrafo que existiu no 2º andar da Quinta da Regaleira (um edifício que ainda se mantém intacto no Largo de São Domingos, e que também serviu de Centro Republicano) designado de Rossio Palace
Este espaço (propriedade do então Conde da Regaleira) abriu as portas ao público pouco tempo antes da implantação da República em 1910, mas a sua existência foi curta durando somente até 1914. Como muitos outros espaços cinematográficos da altura, também exibiu filmes pornográficos às altas horas da noite, depois das exibições nocturnas normais.




Subo até ao Chiado e chego à Rua António Maria Cardoso, mais concretamente ao Teatro República (actualmente designado de Teatro São Luiz), que no seu interior tinha um espaço denominado de Jardim de Inverno. Esse vasto espaço que tinha duas largas palmeiras no centro, funcionava como um salão de espera onde, nos intervalos, os espectadores tomavam o seu café ou refrescos nas mesas de ferro espalhadas pelo local. Era frequente reunirem-se neste espaço pessoas ligadas ao mundo da literatura, das artes, do teatro, do jornalismo, etc.
Em 1911 surge neste espaço o animatógrafo The Wonderful, que era publicitado como um espaço que exibia quadros de maior sensação em Lisboa. As suas sessões começavam às 19h30, eram contínuas e custavam 100 réis na "superior" ou nas filas de trás, tendo a "geral" o preço de 60 réis. Infelizmente este animatógrafo teve uma existência muito curta, tendo o Jardim mais tarde se transformado num estúdio cinematográfico onde foram realizados diversos filmes portugueses como Ver e Amar, de Chianca de Garcia e Maria do Mar, de Leitão de Barros.





Por fim, volto a descer até aos Restauradores e caminho até à zona do Parque Mayer, onde em 1910 o empresário Júlio Costa arrendou um recinto de diversões conhecido por "Music-Hall de Jesué". Este empresário já era proprietário do Salão Ideal e viu neste negócio uma oportunidade para exibir os filmes que, como distribuidor, adquirira no estrangeiro e para os quais o Salão Ideal se tornava insuficiente quanto ao lançamento desse material, que urgia ser movimentado. Este recinto, com ligeiras modificações, passaria a chamar-se de Salão Liberdade, devido ao facto de estar próximo da Avenida com o mesmo nome. O edifício era muito vasto e podia acomodar para cima de 1000 pessoas, sendo a sua exploração compensadora porque ficava numa localização muito central. Contudo, Júlio Costa acabou por ser seduzido por Lino Ferreira (homem ligado ao teatro) e Nandim de Carvalho (empresário do Salão da Trindade) a suspender a exploração do cinema e a transformar aquele recinto num teatro, que viria a ser o Teatro Variedades, girando sob a firma Costa, Ferreira & Nandim. Apesar da revista ter passado pelo espaço com sucesso, este acabou por encerrar em 1920 resultando num prejuízo tremendo para Júlio Costa, que teve de suportar os custos por conta própria.









Fonte:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
SALGUEIRO, Teresa B., Documentos para o Ensino – Dos Animatógrafos ao Cinebolso, 89 anos de cinema em Lisboa, Lisboa, Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Finisterra, XX, 1985
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/11/cinematografos-e-animatografos.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/08/cosmopolita-1914-1919.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2011/04/cinema-imperio-1916-1918.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2011/04/salao-edison-1919-1941.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/11/salao-liberdade-1910-1920.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/06/wonderful-1911-1912.html

Cinemas do Paraíso: Açores, parte III

$
0
0

Depois de uma ausência prolongada devido ao regresso à vida académica (que consome bastante tempo), aproveitei uma pequena folga e resolvi viajar no espaço e no tempo para voltar a falar de maravilhas arquitectónicas nacionais.
Desta vez  regresso, pela terceira vez, ao arquipélago dos Açores para falar sobre mais uma relíquia arquitectónica que se localiza na Ilha Terceira, mais concretamente em Angra do Heroísmo.
Na Rua da Boa Esperança, mesmo no centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo, em plena zona classificada como Património Mundial pela UNESCO, situa-se o Teatro Angrense. É a principal sala de espectáculos da cidades e uma das mais importantes dos Açores, simbolizando para a população agrense a excelência a nível cultural desde o fim do séc. XIX.
Neste local, na esquina da rampa que dá acesso ao actual Mercado Duque de Bragança, existiu em 1599 um edifício que servia de armazém para mercadorias importadas. Contudo, este edifício foi o foco da epidemia de peste que assolou a cidade naquele ano, o que iria vitimar um grande número de habitantes.
A Câmara Municipal, como medida profilática, resolveu incendiar o dito edifício, que permaneceu em ruínas até 1862, quando um grupo de accionistas se juntou no intuito de construir um teatro. O projecto previa 50 camarotes numa disposição de três ordens, 152 lugares na plateia, 63 cadeiras, um pequeno salão no pavimento superior, um palco e 14 camarins.


Contudo, com o decorrer dos anos, as instalações do teatro mostraram-se pequenas e desconfortáveis com um palco pequeno, camarins muito húmidos e a arquitectura, quer interior como exterior, pobre perante o meio cultural da cidade, que se expandia no inicio do séc. XX.
A direcção, com a aprovação da Assembleia Geral,  resolveu ampliar e transformar as instalações deste teatro. Este projecto aprovado foi da autoria do Major Eduardo Gomes da Silva, iniciando-se as obras em 1919, sob a direcção do mesmo. A inauguração aconteceu em 1926, com a apresentação da Companhia de Teatro Maria Matos-Nascimento Fernandes. O edificio resistiu sem danos de grande importância ao terramoto de 1980, demonstrando o quão sólido era. Na década de 1990 passou por uma remodelação, já na posse da Câmara Municipal.
É um teatro aberto dito "ferradura", muito utilizado com a evolução da ópera italiana e o teatro romântico, sendo um exemplar único na Ilha e um dos melhores neste arquipélago. Arquitectónicamente, é um edifício que possui todas as características e condições para um desempenho teatral em moldes tradicionais com teia, camarins e palco. A sala tem uma estrutura em madeira, criando boas condições acústicas. Os espectadores dispõem, desde a sua construção, de meados de oitocentos, uma sala com plateia, balcão, frizas, camarotes de duas ordens com salas de fumo e geral. A sua fachada tem influência neoclássica, encimada por um frontão triangular.






A sua lotação é de 636 lugares, distribuídos pela plateia (231), balcão (45), camarotes (332) e frisas (28). Possui actualmente 6 camarins individuais e 6 de ocupação múltipla; uma área de palco de 95 m2; iluminação e sonorização cénica; equipamento de projecção de cinema, serviço de bilheteira local; serviço de bar e foyer para pequenas exposições.










Este edifício foi classificado de Imóvel de Interesse Público pela Resolução nº 152/89, de 5 de Dezembro, publicado no Jornal Oficial, I Série, nº 49.
Recebeu grandes nomes nacionais e internacionais do mundo teatral, como também artistas locais. Nos últimos anos passaram os mais diversos espectáculos pelo seu palco, desde Carlos do Carmo até aos musicais de Filipe La Féria. É de realçar a passagem da grande fadista Amália Rodrigues por este teatro em 1953, levando ao rubro quer os agrenses, como também as receitas do mesmo.


Fonte:
http://www.cm-ah.pt/showPG.php?Id=325
- http://cultura.cm-ah.pt/espacos/index.php?id=2
- http://philangra.blogspot.pt/2013/02/o-teatro-angrense.html
- http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=8171
- http://cblogazores.blogspot.pt/2012/02/teatro-angrense-tipo-de-imovel.html#.U4pWSvldWSo
- http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Teatro_Angrense,_escadarias.jpg
- http://upfc-colmeal-gois.blogspot.pt/2011/07/uniao-no-teatro-micaelense.html

Cinema Vale Formoso: para quando a sua recuperação?

$
0
0
Depois de umas merecidas férias, volto novamente à cidade do Porto para visitar um cinema cujo edifício ainda se mantém inalterável (pode se dizer que até está muito bem conservado, mas que há muito deixou de cumprir as funções para o qual foi destinado. Refiro-me ao Cine-Teatro Vale Formoso.


Este edifício foi construído em 1944, sob a alçada do projecto da autoria do Arqt.º Francisco Granja. A sua abertura ao público ocorreu em 1949 e a sua localização, na Rua São Dinis, indicava que era mais um "cinema de bairro".


Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.
No entanto, no inicio da década de 1990 assistiu-se ao encerramento desta sala, tendo sido adquirida pela IURD (mais uma vez!!), depois da tentativa infrutífera de aquisição do Coliseu do Porto. Até 2010, este cinema foi utilizado como o santuário da IURD, mas acabou por fechar portas quando a mesma mudou-se para a sua nova catedral na Rua Serpa Pinto. 
O edifício mantém a plateia de 900 lugares, mas sofreu alterações nomeadamente um novo palco feito em mármore.









Actualmente continua a pertencer à IURD, embora haja intenção por parte desta em vender o edifício, por já não necessitar dele.

Fonte:
http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/2012/05/cine-teatro-vale-formoso-porto.html
http://jpn.c2com.up.pt/2013/05/19/porto_a_nova_vida_das_velhas_salas_de_cinema.html

Visita à era de ouro dos animatógrafos em Lisboa III

$
0
0
Depois de dois capítulos dedicados aos antigos animatógrafos de Lisboa, regresso a esta era do inicio do Séc. XX para falar de mais alguns locais emblemáticos que se dedicaram ao cinema durante algum tempo.
Por volta de 1910, mais concretamente no inicio da Calçada da Estrela, abria ao público o Casino Étoile, mais um recinto que viria a satisfazer os desejos cinematográficos dos lisboetas, embora por pouco tempo.
A partir de 1915, este espaço viria a largar a exploração cinematográfica para se transformar num local dedicado ao teatro, especialmente pequenas revistas a par de companhias de teatro infantil (que na altura eram muito apetecidas). A sua designação passou a ser de Teatro Estrela e, depois, Salão Teatro de Variedades. Contudo, este teatro viria a encerrar as suas actividades em 1918.
Este edifício exteriormente era muito incaracterístico, sem qualquer atributo arquitectónico digno de registo. A sala era constituída por uma plateia e um balcão de frente, que se continuava  por um e outro lado, cujo acesso era feto por uma escada de pedra, comportando uma lotação de 500 espectadores. O palco (e o ecrã quando se realizavam sessões de cinema) ficava do lado oposto à entrada da sala.




Os bairros típicos de Lisboa acolheram com muito entusiasmo a actividade cinematográfica que surgiu em Lisboa no inicio do Séc. XX. Pelo menos, alguns bairros tinham o seu espaço dedicado ao cinema: Mouraria com o seu Salão Portugal; Bairro Alto com o seu Salon Rouge; Alcântara com o seu Salão Alcântara e o Cinema Promotora; Graça com o Royal Cine, o Gil Vicente, a Voz do Operário e o Salão Recreio. O Bairro da Madragoa iria seguir estes exemplos e também teria o seu animatógrafo, localizado na Rua das Trinas (precisamente onde existira anteriormente uma modesta sala de teatro designada de Teatro das Trinas) designado de Salão das Trinas.
Depois das obras concluídas, este salão abriria as portas ao público em 1919, mas a sua exploração cinematográfica não duraria muito tempo. A partir da década de 1940, este espaço iria desaparecer definitivamente, não restando qualquer vestígio da sua existência actualmente.


Continuando pelo Bairro da Madragoa, outro animatógrafo iria surgir em 1924 instalado no antigo Convento das Bernardas, localizado na Rua da Esperança, designado de Cine Esperança. Contudo, este espaço teria o mesmo destino do Salão das Trinas e, em pouco tempo, viria a fechar portas, comprovando-se que os habitantes deste bairro não estavam interessados no cinema.


Seguindo para o Bairro da Graça, este seria aquele que viu surgir o maior número de animatógrafos no inicio do Séc. XX. Primeiro surgiu o Salão Recreio da Graça, seguido do Salão Voz do Operário, os cinemas Gil Vicente e Royal Cine.
Salão Recreio da Graça localizava-se na Rua da Infância e abriu ao público em 1917, sendo uma sala despretensiosa, mas limpa e cuidada. Apesar das suas cómodas instalações, viria a fechar as portas um ano depois devido à carência de público, embora na altura exibisse teatro e cinema conjuntamente.
Em 1919, este espaço sofreria obras de melhoramento, cujo resultado foi mais agradável e cómodo para os seus frequentadores, que acorreram com entusiasmo ao novo espaço que iria durar até à década de 1930.



Por esta altura, a zona do Chiado era uma das mais privilegiadas relativamente aos animatógrafos. Para além do Cinema Ideal e do Chiado Terrasse, também existia o Salão Trindade.
Este salão localizava-se na Rua Nova da Trindade, instalado entre o teatro com o mesmo nome e o Teatro Ginásio. Ocupava o espaço correspondente à entrada actual dos serviços de avarias e do automático da Companhia de Telefones, que iria adquirir na década de 1920 o edifício onde ficava este salão.
Este espaço abriu as portas ao público em 1909, destinado inicialmente para um público mais popular, e sem grandes comodidades, como era normal em tantas outras salas da época, visto que o público era pouco exigente e só queria vislumbrar o que a tela oferecia. Contudo, também este salão sofreu alterações a nível das comodidades para com isso fidelizar a sua clientela.
Embora fosse um espaço popular, isso não significava que outros públicos não acorressem ao mesmo para ver cinema.
Com o passar do tempo e com a abertura de novas salas, os empresários da indústria cinematográfica viram-se forçados a introduzir melhorias nas salas e seus anexos, como nas instalações das próprias cabines, substituindo as obsoletas e barulhentas máquinas de projecção por aparelhagens mais modernas e capazes.
Em 1917, iniciaram-se obras de certo vulto neste espaço, com modificações significativas na estrutura interior original. No entanto, em 1921 este espaço foi comprado pela Anglo Portuguese Telephone Company, tendo sido posteriormente demolido.





Em 1912, os lisboetas tinham à sua disposição (tal como iria acontecer anos mais tarde com a abertura do Parque Mayer) um amplo recinto de diversões designado de Paraíso de Lisboa. 
Este espaço localizava-se no inicio da Rua da Palma, estendendo-se até ao coliseu da Rua da Palma (pertencente ao Conde de Folgosa).
Dentro deste recinto destacava-se um rink de patinagem, palco dos primeiros ensaios de cinema falado, realizados por técnicos franceses da Gaumont, em colaboração com João Freire Correia. Um salão de cinema completava todo este conjunto posto à disposição dos seus frequentadores.
Contudo este espaço viria a fechar portas em 1921 por falta de clientela.



Fonte:
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
- http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2011_03_01_archive.html
- http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/12/salao-das-trinas-1919-1942.html
- http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/imovel-da-rua-das-trinas-67-a-73
- http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/convento-das-bernardas-do-mocambo
- http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/12/salao-recreio-da-graca-1917-1936.html
- http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/08/salao-trindade-1909-1923.html
- http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/09/teatro-da-trindade.html
- http://cinemaaoscopos.blogspot.pt/2010/06/paraiso-de-lisboa-1912-1920.html


Cinemas do Paraíso: Portimão

$
0
0
A minha busca por antigos cinemas e pérolas arquitectónicas de Portugal já me levou a diversos pontos do país. Desta vez, vou à zona veraneante do Algarve, mais concretamente a Portimão, para falar de alguns espaços de cinema que marcaram esta cidade noutros tempos.
Adjacente à Praça Manuel Teixeira Gomes, no aterro do Cais, foi erguido um barracão em 1912, onde funcionou o Animatógrafo, propriedade de António do Carmo Provisório (daí ser conhecido como Cinema Provisório). O cinema mudo era abrilhantado pelos grupos musicais locais, entre os quais o Fraternidade Philarmónica Recreativa.
Em 1926, este espaço foi arrendado por uma jazz band conceituada designada por Orquestra Semifúsica, que atrairia os amantes do teatro e cinema, passando fitas mais modernas e albergando companhias de teatro e artistas reputados como Mirita Casimiro e Vasco Santana.
Contudo a falta de higiene, apesar das obras de remodelação, e a necessidade de arranjar o Largo do Dique, originaram a demolição do barracão pela Junta Autónoma dos Portos.



Em 1938 foi construído um outro cinema moderno e confortável, designado de Cine-Teatro de Portimão, de raíz modernista, tendo sido demolido no final do séc.XX.
De acordo com o blogue Citizen Grave, ir a este espaço para ver cinema era uma experiência que criava expectativas: "a luz esquecida de um tempo em que ir às soirées de sábado e às matinées de domingo no antigo Cine-Teatro de Portimão, há muito demolido, era um acontecimento esperado durante toda a semana. Do tempo em que entrevia o mundo a partir do alto dos bancos corridos do segundo balcão de um cinema de província, ficou-me uma colecção de cromos que reproduzia as mesmas fotografias dos «actores de momento», emolduradas junto ao bar do Cine-Esplanada, onde numa noite de Verão vi a «Ponte do Rio Kwai» enquanto o céu era riscado por uma chuva de meteoritos que se confundiam com o fogo das baterias japonesas sobre os intrépidos prisioneiros de guerra britânicos. Ficou-me, sobretudo, a memória de um tempo em que ir ao cinema era um acontecimento preparado com uma semana de antecedência. Primeiro, tratava-se de ir num grupo de amigos «ver os cartazes» afixados nas vitrinas, na expectativa de haver um filme para «maiores de 12 anos». Mas o que era bom mesmo era «ir ao cinema»: comprar o bilhete com as economias da semana, receber o programa, ouvir o «going» e ali ficar na penumbra, entre amigos, vivendo as aventuras daqueles heróis tão próximos de mim que até os guardava numa caderneta de cromos na gaveta da minha mesa-de-cabeceira".











FONTE:
FELINO, A. (2008) Os cinemas em Portugal : a interpretação de um arquitecto - Raul Rodrigues Lima. Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra.
http://www.cm-portimao.pt/index.php/features/viver/cultura/37-atividades-municipais/cultura/302-patrimonio-espacos-publicos
http://portimaoruaarua.blogspot.pt/2011/02/avenida-d-afonso-henriques.html
http://portimaoruaarua.blogspot.pt/2011/06/largo-do-dique.html
http://citizengrave.blogspot.pt/2012/07/cinemas-teatros-e-cine-teatros.html

TCN Blog Awards 2014

$
0
0
Mais um ano...mais uma edição do TCN Blog Awards e sempre com muitas participações por parte de cinéfilos bloguistas. 
As candidaturas já encerraram e pode se dizer que existem resultados dignos de registo: 39 blogues participantes, 66 criticas de cinema, 59 de TV e dezenas de candidaturas noutras categorias proporcionaram à Academia TCN mais de 300 opções de voto para escolher 8 nomeados em cada categoria da edição deste ano. Os membros da Academia TCN vão ter uma tarefa extenuante, mas gratificante de escolher os nomeados para as categorias a concurso, sendo que o anúncio dos nomeados vai ocorrer nos dias 29, 30 e 31 de Outubro.
O público poderá dizer de sua justiça a partir de 1 de Novembro, sendo que a cerimónia da entrega dos prémios será a 10 de Janeiro de 2015.
Que vençam os melhores!!!

Aqui fica o link do evento: http://cinemanotebook.blogspot.pt/search/label/TCN%20Blog%20Awards%202014

E o cartaz:









Ano Novo, Vida Nova

$
0
0
Ano novo, vida nova do "Cinemas do Paraíso". 

Por isso vou lançar o desafio a todos aqueles que seguem este blogue... escolherem qual o cinema que deve ser relembrado, quer seja em Lisboa, Porto ou noutro ponto do país. 

Ficarei à espera das vossas sugestões, para que estas viagens ao passado continuem em força em 2015.




Cinema Império: outro "gigante" lisboeta

$
0
0

A década de 1950 foi um período de importantes transformações no país. Assistiu-se a um forte surto industrial, resultando numa migração para a região de Lisboa de pessoas, que se fixaram na periferia da cidade. Desenvolveram-se áreas suburbanas como Barreiro, Almada e Amadora.
A localização dos novos cinemas, na Avenida da Liberdade,Saldanha, Alameda, Avenida de Roma e Alvalade, escolhe as vias mais importantes e prestigiantes da cidade, rompendo com a localização até então predominante.
Até esta década, os cinemas de nível mais elevado localizavam-se no centro da cidade (Baixa-Chiado e imediações), enquanto que os outros de nível mais fraco espalhavam-se pelos bairros. Contudo, os cinemas construídos nesta década já não se concentram no centro e definem uma nova zona, que ocupa uma malha bastante regular.
É a época da construção de enormes edifícios de espectáculos, como o Monumental, Império, São Jorge, Alvalade e Roma. Estas salas grandiosas traduziam um novo tipo de interesse pelo espectáculo cinematográfico, que atraía o espectador a frequentar os grandes cinemas de estreia, para além dos cinemas de bairro.
É nesta época que aparece o Cinemascope e, posteriormente, o Supertecnirama de 70mm, um tipo de projecção só possível em cinemas de grandes ecrãs, e que seria o suporte fundamental para as grandes produções cinematográficas, como o Ben-Hur, Spartacus e Cleópatra, etc.
As inovações técnicas e o incremento da acessibilidade, devido ao alargamento da rede de transportes, permitiam que os lisboetas pudessem frequentar com regularidade os grandes cinemas, sem que isso prejudicasse os cinemas de bairro, utilizadas com mais frequência. Estes ficavam mais perto de casa e ofereciam um programa duplo a um preço mais barato, que também era aliciante para os espectadores. O cinema tinha se tornado num hábito para os habitantes da cidade e era um divertimento barato.


Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.



O responsável pela projecção deste cinema foi o Arqt.º Cassiano Branco, que se baseia na arquitectura modernista e estrutura-se através de uma planta rectangular, de bloco único, cujo alçado principal, virado para norte, é definido por uma ampla estrutura envidraçada. A decoração da fachada apresenta linhas verticais coroadas por esferas armilares, em ferro forjado. 


O interior é composto por corredores de passagem que ligam três pisos e a sala de espectáculos.
Este espaço possuía plateia, 1º e 2º balcões, totalizando 1676 lugares, sendo suplantado somente pelo Cine-Teatro Monumental e o Cinema São Jorge.
O painel que representava Lisboa, colocado no foyer do 1º balcão, e as cerâmicas que compunham a decoração eram da autoria de João Fragoso.



























Em 1958, realizou-se neste cinema o 1º Festival da Canção em Portugal, como também posteriormente ocorreram espectáculos musicais com Cliff Richards e os The Shadows, Count Basie e Quincy Jones, etc.
Entre 1961 e 1965 este cinema funcionou como teatro, com a actuação da companhia "Teatro Moderno de Lisboa".





No final da década de 1950, o Governo autoriza a construção de salas em edifícios de habitação e de comércio, adaptando-se espaços livres dentro de outros recintos. Recuperam-se caves e sub-caves ou aproveitam anexos e garagens. As grandes salas de cinema são retalhadas interiormente, para originar outras salas. Foi assim que o Estúdio, pertencente ao Império, foi idealizado por Frederico George em 1960. Esta sala, desenhada no topo deste edifício e que se envolvia na galeria de circulação que acompanhava toda a superfície envidraçada da fachada, apresentou-se como uma proposta ambiciosa. Foi inaugurada em Outubro de 1964, constituída por 250 lugares confortáveis e por uma excelente aparelhagem de projecção. Na sua inauguração foi apresentado o filme Os Chapéus-de-chuva de Cherburgo, que tinha ganho a Palma de Ouro do Festival de Cannes e que contava com a interpretação de Catherine Deneuve. Na altura, esta sala foi elogiada porque conjugava uma boa programação com o conforto e requinte, características pouco usuais nos cinemas da cidade.



O povo lisboeta acorreu em catadupa a este espaço, o que contribuiu para que este modelo de construção se expandisse para outros cinemas, como por exemplo o Satélite, que se alojou no Cine-Teatro Monumental.
O inicio da década de 1980 e a proliferação de salas de cinema em centros comerciais trouxeram  a crise às grandes salas, entre as quais o Império, que viria a encerrar em 1983, embora fosse o local de ante-estreias e de festivais de cinema até ao inicio da década de 1990. 


Infelizmente, e sem surpresa alguma, este edifício foi comprado pela IURD em 1992, que aí estabeleceu a sua sede e local de culto em Lisboa. Em 1996, este edifício foi classificado como imóvel de interesse público pelo IGESPAR.



Este cinema também possuía um café-restaurante, no alçado da Av.ª Almirante Reis, designado de Café Império, cujo projecto de arquitectura foi da responsabilidade de Raul Chorão Ramalho, com dois pisos inaugurados em 1955. Durante as décadas de 50 e 60 do séc. XX, actuaram neste espaço artistas como Madalena Iglésias, António Calvário e Artur Garcia. Actualmente, para além da pastelaria, este Café Império oferece espectáculo de música ao vivo com artistas convidados. 






Fonte: 
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio,
SALGUEIRO, Teresa B., Documentos para o Ensino – Dos Animatógrafos ao Cinebolso, 89 anos de cinema em Lisboa, Lisboa, Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Finisterra, XX, 1985
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/10/cinema-imperio.html
http://citizengrave.blogspot.pt/2012/08/cinemas-onde-vi-filmes-cinema-imperio.html

Cinemas do Paraiso: Braga

$
0
0
Depois do desafio lançado a todos os visitantes deste blogue, sugerindo cinemas espalhados por esse país fora, detenho-me no Norte e fico-me por Braga (sugestão do DVDManiaco Pedro Kerouac), para falar de um antigo espaço de espectáculos que vai definhando no centro da cidade, o Cinema São Geraldo.



Este espaço, localizado no Largo Carlos Amarante, é propriedade da Arquidiocese de Braga e foi uma das primeiras salas de cinema a aparecer na cidade, como também a nível nacional.
O cinema São Geraldo foi ao longo de décadas a sala de cinema dos bracarenses e, actualmente, encontra-se fechada, com todas as janelas e portas emparedadas, e sem possibilidade de uma provável reabertura. Hoje em dia os espaços a funcionar na cidade são os cinemas Cinemax e Lusomundo com sete de salas de projecção cada. Existe também o cinema GoldCenter, mas possui apenas uma sala. A Câmara Municipal de Braga tem também uma rede de videotecas onde os cidadãos podem ver filmes gratuitamente.






Em 2014, em declaração à BragaTv, Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, afirmou que: "É com enorme mágoa que temos que assumir que a reabilitação do São Geraldo é um projecto bastante mais exigente do que imaginávamos à partida, por via da degradação que o edifício sofreu e do investimento que será necessário para o seu reaproveitamento. Claro que a Câmara de Braga gostaria muito de ver o São Geraldo reabilitado. Esta é uma sala que está na memória de todos os Bracarenses, mas numa óptica de investimento municipal não estamos certos de que o novo quadro comunitário possa viabilizar as intervenções necessárias. Por isso mesmo, a Câmara não pode avançar para a aquisição do edifício sem ter garantias de financiamento para uma intervenção futura".



Infelizmente não consegui encontrar a história por detrás deste cinema. Quem tiver informações sobre o mesmo, que partilhe com este blogue. Serão bem-vindas.


Fonte:
http://oblogdos5pes.blogspot.pt/2007/10/porque-no-no-s-geraldo.html
http://geodevolutas.org/devolutas/cinema-sao-geraldo
http://www.bragatv.pt/artigo/1816

Cinemas do Paraíso: Guimarães II

$
0
0

Continuando pela região do Norte, sigo para a cidade de Guimarães, berço da nação portuguesa, terra de D. Afonso Henriques, para falar de um espaço que foi recuperado recentemente: Teatro Jordão (sugestão do nosso visitante Paulo Oliveira).

Por volta da década de 1930, discutia-se intensamente a necessidade de Guimarães ser dotada de um teatro condigno. Por essa altura, o velho teatro D. Afonso Henriques encontrava-se encerrados há anos (tendo sido publicado um decreto em 1933, que autorizava a sua demolição, de modo a que fosse aberta uma rua de ligação entre a Rua de S. Dâmaso e o Largo da República do Brasil), e o Teatro Gil Vicente não reunia as condições necessárias, visto que era considerado indecente e nauseabundo.
A 18 de Fevereiro de 1936, a Câmara Municipal de Guimarães reuniu em sessão extraordinária para se decidir sobre a construção de um novo teatro. A ideia seria reconstruir o teatro D. Afonso Henriques, que ainda não tinha sido demolido. No entanto, dessa reunião, não saiu qualquer solução para o problema, uma vez que começaram a circular rumores de que a reconstrução do referido teatro estava encravada.


Nesse ano, o empresário Bernardino Jordão estava a trabalhar na construção de um novo teatro e, após alguma controvérsia sobre a sua localização,este começaria a ser edificado em Fevereiro de 1937, na Avenida Cândido dos Reis (actual Avenida D. Afonso Henriques), perante as manifestações efusivas da população. O responsável pelo projecto e direção de obra seria o Arqt.º Júlio José de Brito (responsável pelo projecto do Teatro Rivoli, no Porto).
A inauguração deste espaço ocorreu em Novembro de 1938. Tinha a capacidade para acomodar 1200 espectadores. O programa da sua inauguração incluiu um "Serão Vicentino", pelo Teatro Nacional Almeida Garrett, com a representação do Monólogo do Vaqueiro, do Auto Pastoril Português e Auto Mofina Mendes. Do elenco faziam parte Amélia Rey Colaço, João Villaret, etc. O espectáculo contou com a participação da Orquestra Ibéria.



Esta inauguração ficou na memória da cidade. Contudo, por imposição politica conhecida somente antes da abertura da sala, não se pôde designar de Teatro Jordão, com o argumento de que apenas aceitaria que o teatro tivesse como patrono uma figura de relevo nacional, tendo a empresa decidido por designá-lo de Teatro Martins Sarmento.
Tendo Bernardino Jordão falecido em 1940, ganhou mais força a insistência de que fosse atribuído o seu nome ao teatro, conforme sua vontade. Nesse mesmo ano, por despacho do Ministro da Educação, foi finalmente consagrada a designação "Teatro Jordão".
A primeira sessão de cinema no Teatro Jordão, então com a designação de Teatro Martins Sarmento, aconteceu no dia 24 de Novembro de 1938, com o filme Vou ser Raptada. 
A segunda sessão teve lugar no dia 27, tendo sido passado o filme Uma Pequena Feliz, com a actriz Jean Arthur.
A tabela de preços dos ingressos era, à altura, a seguinte: Frisas e camarotes, 20$00; Balcões, 1.ª e 2.ª fila, 4$00; Balcões, 3$50; Plateia A a V, 3$00; Plateia 1 a 8, 2$00.


Foi o principal espaço cultural da cidade durante décadas, tendo sido palco de alguns comícios conturbados após o 25 de Abril,mas fechou as portas em 1993.








Em Outubro de 2014, a Câmara Municipal de Guimarães principiou a obra de construção de seis salas de ensaio para bandas de garagem neste teatro.
Os estúdios terão o pavimento revestido a alcatifa acústica, com tratamento anti-fogo, em cor cinza, e as paredes e teto têm dois níveis: um primeiro, de contacto directo, em chapa de aço galvanizado cinza (textura e densidade diferente entre os tectos e as paredes) e um segundo plano, recuado, ora em placas de gesso cartonado (paredes) ou em tecto falso acústico.A chapa de aço distendido das paredes constituirá de suporte às mais variadas solicitações acústicas e funcionais das salas, servindo de suporte, por exemplo, a painéis acústicos, de tipos variados, a mesas para colocação de mesa de mistura e outros equipamentos áudio. Esta solução permitirá uma utilização absolutamente livre dos paramentos, garantindo o mínimo de solicitações de perfurações nos paramentos e tectos, uma vez que a estes é exigida a função de insonorizar o mais possível estes espaços. Pretende-se que os diversos estúdios possam funcionar em simultâneo sem que haja passagem de ruído quer entre salas, quer com o restante edifício, permitindo uma utilização absolutamente autónoma do restante edifício. A conclusão da obra permite, também, findar a degradação do Teatro Jordão, iniciando o seu ciclo de recuperação urbanística e funcional.




Fonte:
http://araduca.blogspot.pt/2010_12_01_archive.html
http://araduca.blogspot.pt/2010/12/para-historia-do-teatro-jordao-1.html
http://araduca.blogspot.pt/2010/12/para-historia-do-teatro-jordao-3.html
http://www.ocio.oof.pt/guia-gmr/lugares-gmr/joao-e-jordao-numa-manha-improvavel/
http://www.publico.pt/local/noticia/camara-de-guimaraes-negoceia-compra-do-historico-teatro-jordao-1428774
http://www.cm-guimaraes.pt/frontoffice/pages/100?news_id=1510
http://www.gmrtv.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=21630%3Ateatro-jordao-salas-para-bandas-de-garagem-comecam-a-ser-construidas-esta-5o-feira&catid=3%3Aflash&Itemid=2

Royal Cine: a "estrela d'oiro" da Graça

$
0
0
Depois de um passeio pelo Norte do país, regresso a Lisboa para relatar a história de um pequeno e belo cinema de bairro que, embora se mantenha de pé, há muito que deixou de ser uma sala de espectáculos.
A história do Royal Cine, situado na Rua da Graça, começa com uma encomenda. Esta resumia-se à concepção de um edifício destinado a ser um cinema que coroasse a acção do seu promotor, Agapito Serra Fernandes, um abastado comerciante da Baixa, natural da Galiza, que enriquecera na indústria alimentar, sendo proprietário do então muito conhecido restaurante "Estrela de Ouro", e que, entretanto, mandara construir um conjunto de casas para os seus empregados dentro dos limites do terreno que adquirira na zona da Graça, onde também se encontrava a sua residência, Vivenda Rosalina, que actualmente ainda se encontra edificada e recuperada.


O Bairro chamava-se "Estrela D'oiro", construído em 1908, homenageando o estabelecimento com o mesmo nome, e tinha uma definição própria que o Arqt.º Norte Júnior ajudara a configurar, numa lógica de referências que era visível no enorme painel de azulejos que se encontrava na entrada da urbanização privada e na referência à "estrela de ouro" que se estendia pelas ruas no desenho dos monogramas das calçadas.



A base de edificação era um local ocupado por três grandes barracões então existentes na Rua da Graça, nº 98 a 108, sendo que a planta e a responsabilidade da obra foi confiada ao Arqt.º Manuel Joaquim Norte Júnior. Solicitada a respectiva aprovação às autoridades competentes no final de 1928, as obras têm inicio em 1929, embora com dificuldades devido à enorme espessura das paredes mestras dos referidos barracões, que tiveram de ser demolidos completamente. Só em Dezembro do mesmo ano é que esta obra foi concluída.






A fachada deste edifício sustenta-se em duas colunas jónicas que suportam um frontão, onde figuravam as máscaras tradicionais do teatro- a "tragédia" e a "comédia" e que definia este espaço como um local de teatro. A sala era virada para esses termos, dotando-se de uma plateia, balcão e camarotes,que eram servidos por enormes corredores de acesso e pelo aproveitamento de vãos espaçosos destinados a maquinaria de palco. Conseguia acomodar 900 espectadores, distribuídos pela camarotes da frente, com 6 lugares cada um, outra de lado, com 5 lugares. A plateia possuía três coxias, sendo uma central e duas laterais. Também havia um amplo vestíbulo que dava acesso à plateia, da qual partiam duas escadarias laterais que conduziam a um segundo pavimento, onde se encontrava uma enorme sala de baile e o bar. Contudo, a concepção do amplo átrio do edifício, enfeitado com um enorme relógio, onde despontam as duas escadarias laterais que conduzem directamente ao balcão e as decorações da sala, da autoria do pintor Benvindo Ceia, revelam o enobrecimento que caracterizava o teatro.






Mas este edifício era, sobretudo, visto como a marcação de um território, que poderia ser visto na "estrela de ouro", que encimava a fachada.
Abriu as portas em Dezembro de 1929 como cinema de estreia e o seu director-gerente, Aníbal Contreiras, convidou a Imprensa para a inauguração, que teceu rasgados elogios ao edifício, sublinhando o estilo moderno do seu buffet e a comodidade da sala, conseguida pelo espaço existente entre as cadeiras da plateia, sendo considerado um verdadeiro luxo para um cinema de bairro.
Este espaço estabeleceu a quinta-feira como o seu dia de estreia, apresentando a particularidade da realização, todas as quartas-feiras, de matinés dançantes, por convite. A orquestra privativa era dirigida pelo professor Francisco Benetó.
O filme de estreia foi "O Cadáver Vivo", co-produção russo-alemã, dirigido por Fedor Ozep e tendo como protagonista Pudovkine, um dos grandes vultos do cinema russo.


Este cinema estaria ligado à introdução do fonocinema em Portugal. Com efeito, a 5 de Abril de 1930, reproduziria as imagens, através da aparelhagem "Western Electric", sincronizadas com os sons do filme "Sombras Brancas nos Mares do Sul", realizado por W.S. Van Dyke e tendo como intérpretes Raquel Torres e Monte Blue. Este acontecimento contou com a presença do então Presidente da República e outras entidades oficiais, e que influenciou a forma de se ver estes espectáculo e nas alterações que passaram a ser implícitas na modernização das salas.



No seu primeiro ano de actividade, o Royal Cine estreou diversos documentários portugueses e mudos, tal como "Porto de Lisboa", "Arredores de Lamego", "Arredores de Sintra", etc.








Contudo, como aparecimento de outras salas maiores e melhor localizadas, como o Cinema Éden, o Royal Cine acabou por ser relegado para um estatuto de reprise. Acabou por encerrar as portas em Março de 1976 com o filme "Voluntários à Força".

Actualmente, este edifício desempenha funções de supermercado, embora reste do passado a fachada e o átrio da entrada, devidamente restaurados, que conservam a sua traça original.







Fonte:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio,
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/search?q=royal+cine
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7736
Viewing all 92 articles
Browse latest View live