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Channel: Cinemas do Paraíso
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Cinemas do Paraíso: Amadora - Babilónia

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O passeio pelo Concelho de Amadora continua bem no centro da cidade, na Rua Elias Garcia, n.º 362 D, onde se encontra o edificio do Centro Comercial Babilónia, inaugurado em Dezembro de 1984.



A sua excelente localização, mesmo em frente à estação de comboios, permite que ele continue em funcionamento e visitado por milhares de pessoas diariamente. Os dois pisos de lojas e restaurantes representam o espirito multicultural desta zona,  só comparável aos bairros da Mouraria e a zona do Martim Moniz em Lisboa.


Neste centro comercial, existiu uma sala de cinema com o mesmo nome e que, durante as décadas de 1980 e 1990, foi bastante frequentada pelos jovens. Contudo, o aumento da insegurança na zona envolvente ao centro comercial acabou por retirar a clientela ao cinema, ditando o seu encerramento no inicio do Séc.XXI.





Fontes:
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/08/babilonia-amadora.html
https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/nos-labirintos-da-babel


Esplanada Monumental vs. Jardim Cinema vs. MonteCarlo - espaço polivalente

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A 7 de maio de 1931, foi inaugurado, pelo então Presidente da República, General óscar Carmona, um novo espaço de cinema designado Esplanada Monumental, situado na Avenida Álvares Cabral, na zona do Rato e Estrela.

A sua localização ficava num amplo edifício, especialmente construído num terreno que pertencia ao comerciante e construtor civil tomarense Clemente Vicente, sob o traço do Arqt.º Raul Martins,que o concebe como um animatógrafo ao ar livre. Neste edifício incluiam-se um amplo stand de venda de automóveis, que mais tarde se transformaria na Garagem Monumental e se situava no rés-do-chão, bem como uma sala de projecção e uma fonte monumental, que se situavam no terraço da cobertura.

A sua fachada , de linhas direitas e sóbrias, animada por uma estrutura de ferro e vidro,era encimada por uma figura fundida em cimento, coberta a ouro patinado, que sobressaía dos outros dois tons de cinzento em que a restante decoração se desenvolvia.

A Esplanada Monumental corria o risco de se confundir com a Garagem Monumental, mas com o decorrer do tempo, esse risco desvaneceu-se, visto que o cinema acabou por neutralizar as outras funções do edifício e afirmar-se na cidade.



  
A 4 de junho de 1932, Clemente Vicente iria transformar completamente este espaço, até então destinado a cinema ao ar livre, ampliando-o e modificando a respectiva traça, tornando-o assim numa imensa sala com 1000 lugares, distribuidos da seguinte forma: Plateia, 540; Balcão, 25; Superior, 394; Frisas, 8 (com o total de 35 lugares),numa lotação exacta de 894 localidades. Na planta inicial, encontrava-se, junto ao ecrã, uma aparatosa fonte luminosa. O espaço mudaria a sua designação para Esplanada Álvares Cabral.



A 22 de maio de 1933, o espaço iria reabrir ao público com a designação Jardim Cinema, com a projecção do filme "Pernas ao Ar, com uma nova sala coberta e com capacidade para 894 espectadores, tornando-se numa das maiores salas de cinema lisboetas.

Até ao final da década de 1930, este espaço voltaria a ser alterado na sua planta, com a redução do número de lugares, por forma a beneficiar a comodidade do público, sendo que a sua distribuição seria a seguinte: 1º Plateia, 470; 2ª Plateia, 82; Cadeira, 96; Balcão, 25 e 8 frisas com 4 lugares cada. No total, a lotação era de 705 lugares.





De acordo com o SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, o edifício do Jardim Cinema fora desenvolvido em profundidade, como um volume paralelepipédico quase fechado, com o terraço coberto. Registava-se na fachada, no piso térreo, a porta de entrada flanqueada por envidraçados; num 2º nível , um baixo-relevo decorativo art-déco em betão, acima do qual se destaca o pano murário que servia para se colocar as telas publicitárias, em suporte metálico enquadrado pelo friso da platibanda, com faixas verticais de janela a flanquear a superfície. O seu interior era unitário, de triplo pé direito, onde o salão de jogos ocupava o piso térreo. Neste espaço central, abriam-se dois níveis de galerias, ligadas entre si por seis grupos de escadas de lanço recto único.




O Jardim Cinema encerraria a 12 de outubro de 1977 e voltou a reabrir com a designação MonteCarlo, a 4 de maio de 1979, com o filme "Aquele Verão". O seu encerramento definitivo ocorreu a 15 de outubro de 1985, com o filme "Colégio de Jovens".


Este cinema ficaria associado a um salão de jogos, com que se dotou posteriormente, designado Salão de Jogos Monumental. Os bilhares, matraquilhos, jogos de arcada e pistas de carrinhos apetrecheram este espaço, que se tornou num espaço de referência na cidade, onde as pessoas se poderiam divertir e conviver livremente.






Este espaço foi utilizado no filme "Kilas, o Mau da Fita" do realizador José Fonseca e Costa, e encerrou no dia 30 de junho de 2006. No seu lugar, nasceu... mais uma loja chinesa.

Em 1986, albergaria a Discoteca Loucuras, com a direcção artística de José Nuno Martins. Esta discoteca receberia artistas como LX-90, Afonsinhos do Condado e Café Lusitano, entre outros. Foi uma das discotecas e sala de espectáculos mais dominantes de Lisboa nos anos 80, com as suas "Quinta-feiras Tranquilas", animadas pela Orquestra da Felicidade do Brilho e da Glória, criada pelo maestro Jaime Oliveira, formada pelos músicos da banda da GNR.


Em 2002, este edifício seria considerado Imóvel de Interesse Público e, actualmente, alberga uma produtora de programas televisivos e a empresa de leilões "Renascimento - Avaliações e Leilões, S.A.".



Fontes:
- ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012

Cinema Pedro Cem - morto à nascença

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De volta à cidade do Porto, vou falar de uma sala de cinema, que se situava num centro comercial com o mesmo nome: Pedro Cem.Localizada na Rua Júlio Dinis, n.º 103, esta sala foi inaugurada na década de 1980.

Nos primeiros anos de atividade, atraiu algum público, mas com o surgimento das grandes superficies comerciais e os seus cinemas multiplexes na década de 1990, este espaço acabou por perder público e fechar portas em 1995. Os novos cinemas, para além de projectarem melhor qualidade sonora e visual, transmitiam diversos filmes em diferentes sessões por dia. Esse factor conduziu ao encerramento dos cinemas que se localizavam no centro da cidade. A partir daí, algumas salas reabriram (como o Trindade), outros desapareceram (como o Aguia D'Oiro), mas outras mantiveram-se intocadas. Passados vinte e tal anos após o seu encerramento, estas salas mantém a plateia e o equipamento de projecção.


A sala do Pedro Cem começou por pertencer a um privado, mas depois a Lusomundo tomou conta do espaço e os filmes que passava era comerciais.

Mário Dorminsky, diretor do Festival Fantasporto, afirmou que a sala era de pequena dimensão com 350 lugares. Era uma sala de cinema condenada a morrer à nascença, porque o seu ecrã deveria ser mais levantado, o chão era plano e o posicionamento das cadeira era um problema, não possibilitando o visionamento do filme da melhor maneira possivel.


A gerência deste espaço ainda realizou algumas iniciativas de promoção, mas nunca conseguiu garantir uma continuidade de público, que permitisse equilibrar financeiramente os custos com as receitas.



Fontes:
https://jpn.up.pt/2013/05/19/porto-ha-salas-de-cinema-fechadas-ha-mais-de-20-anos/
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2013/04/pedro-cem-porto.html
http://portodeantanho.blogspot.com/2017/04/continuacao-7.html
https://cineblog.pt/tag/bilhete+de+cinema
https://www.bachilleratocinefilo.com/2015/08/os-antigos-cinemas-do-porto-portugal.html

Cinemas do Paraíso: Tomar - parte I

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Hoje viajamos até Tomar, uma cidade ribatejana, pertencente ao distrito de Santarém, conhecida pelos seus diversos monumentos históricos, dos quais se destacam o Convento de Cristo.

Centremo-nos no primeiro espaço dedicado ao espectáculo nesta cidade em 1800, e restaurado em 1876, designado de Theatro Nabantino. Foi aqui que os tomarenses assistiram pela primeira vez a uma sessão de cinema a 17 de novembro de 1901.


Em 1909, foi inaugurado o Salão Animatógrafo "Paraíso de Thomar", que se situava nas traseiras da Igreja de São João. A empresa que fundou este animatógrafo abriu, em 1911, um café com o mesmo nome "O Paraíso", na Corredoura.








Dez anos depois, iniciou-se a renovação do Theatro Nabantino, a cargo da sociedade comercial "Fonseca, Soares & Conpanhia", cuja sede se localizava na Rua da Infantaria, n.º 15. O projecto implicava a demolição do velho Theatro Nabantino e a construção do futuro Teatro Paraíso, que arrancou em 1920, sob a alçada do Arqt.º Deolindo Vieira, que tinha projectado um "teatro à italiana", seguindo uma linguagem Art Deco, vagamente atenuada por uma concepção mais depurada e modernista.
Durante as obras para o novo teatro, os espectáculos continuavam no Salão Animatógrafo. A inauguração deste novel edificio ocorreu a 24 de março de 1924.




Na década de 1940, o teatro foi remodelado, com o projeto do Arqt.º Camilo Korrodi, que se dedicou à total transformação dos interiores, acrescentando um salão de festas e um bar e mantendo as fachadas exteriores, concebidas por Deolindo Vieira. Este edificio foi novamente inaugurado a 18 de dezembro de 1947.








Quase meio século depois, o Teatro Paraíso encerrou definitivamente em 1991, tendo sido adquirido pela Câmara Municipal de Tomar em 1997, que se encarregou de renovar o edificio já em ruínas.





O novo e actual Cine-Teatro foi inaugurado, pela última vez, em 2002, estando desde então aberto ao público, com os mais diversos espectáculos e sessões de cinema. Possui uma sala de espectáculos com capacidade para 410 pessoas, com valência para as mais diversas formas cénicas (música, teatro, dança...).








Os dois baixos relevos sobre as frisas, moldados em gesso por Amália Fuller, evocando o teatro e a dança, foram premiados pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Este edificio, reconhecido com um importante elemento do património e da memória da comunidade tomarense, encontra-se perfeitamente integrado na malha urbana medieval da cidade, conferindo ao centro histórico, um forte potencial de animação e vitalidade urbanas.


Fontes:


ORNELAS, Cilisia Mónica Duarte, Recuperação de Cine-Teatros Modernos Portugueses, Dissertação de Mestrado,Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2006



Cinemas do Paraíso: Tomar - parte II

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Continuando a viagem por Tomar, que teve outro espaço dedicado à arte cinematográfica, mas que funcionava ao ar-livre, entre o estádio municipal e o Rio Nabão, que se chamava Cine-Esplanada
Embora não consiga precisar o ano da sua inauguração (presume-se que tenha sido na década de 1950), este espaço cultural marcou várias gerações de tomarenses, exibindo filmes como Os Canhões de NavaroneA TúnicaBen-HurA Ponte do Rio Kwai, etc.
Para além das sessões de cinema, este espaço também recebia outros espectáculos, desde noites de fado até actuações de Maria João Pires, Mário Laginha ou Carlos do Carmo.
No entanto, a 16 de dezembro de 2004, por causa das obras do programa POLIS, este espaço foi demolido pela Câmara Municipal, tendo esta decisão sido muito criticada na altura.








 



Tomar também teve uma sala de cinema num centro comercial, mais concretamente no Centro Comercial dos Templários, localizado na Alameda 1º de Maio. 
Inaugurado em 1983, o Cine Templários albergava 427 pessoas e chegou a aparecer num episódio da telenovela portuguesa "Origens". O empresário Armando Aguda, já falecido, investiu para que o seu empreendimento aparecesse na referida telenovela, chegando a contracenar com Nicolau Breyner. Nesse episódio, para além do cinema, também aparece a fachada do centro comercial, com a identificação "Escola Superior de Tecnologia, porque foi naquele primeiro andar que coemçou a funcionar o atual Instituto Politécnico de Tomar. 
Contudo, a 30 de novembro de 2005, este cinema fechou as portas definitivamente, com a Medeia Filmes de Paulo Branco, a desistir da exploração deste cinema, que já durava desde 1991. 
Armando Aguda viu-se na obrigação de encerrar esta sala devido à sua falta de condições, porque não foram feitas todas as alterações previstas no Decreto-Lei de 1996, emanado pela Direcção Geral de Espectáculos. 
De acordo com Aguda, a sala de cinema deveria ter um projecto de segurança autónomo do Centro Comercial, o que não acontecia. O outro motivo para o encerramento da sala foi a falta de rentabilidade da mesma, porque estava sempre vazia.





Actualmente, o Centro Comercial está votado ao abandono, tendo somente meia dúzia de lojas a funcionar no seu interior.






Neste momento, Tomar não tem qualquer sala de cinema a funcionar, obrigando os seus habitantes a dirigirem-se a outras cidades vizinhas para poderem usufruir de cinema.





Fontes:
ORNELAS, Cilisia Mónica Duarte, Recuperação de Cine-Teatros Modernos Portugueses, Dissertação de Mestrado,Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2006
http://www.cm-tomar.pt/index.php/pt/cultura-lazer#cine-teatro-para%C3%ADso
https://www.artemrede.pt/v3/images/tomar/Rider_CTP_Tomar.pdf
https://www.allaboutportugal.pt/fr/tomar/monuments/edificio-do-cine-teatro-paraiso
http://tomarnarede.blogspot.com/2015/11/primeira-sessao-de-cinema-em-tomar.html
https://omirante.pt/sociedade/2013-08-16-centro-comercial-templarios-esta-reduzido-a-cinco-lojistas
http://city-of-tomar.com/inside-commercial-establishements-in-tomar/
http://tomarnarede.blogspot.com/2017/10/tomar-na-novela-portuguesa-origens-em.html
http://www.mdthomar.ipt.pt/?pagina=imprensa&categoria=39
https://tomarnarede.pt/sociedade/cine-esplanada-de-tomar-quem-se-lembra/
http://www.ccdr-lvt.pt/09/livros/cine_teatros/cine_teatros.pdf
https://omirante.pt/semanario/2005-11-09/sociedade/2005-11-09-acabou-se-o-filme


Oportunismo Publicitário da Distribuição Cinematográfica, pós 25 de Abril

Guerra das Estrelas (1977) - um sucesso imediato, para não durar em Portugal

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Em 1977... numa galáxia muito distante... nascia um dos maiores fenómenos globais que perduram até aos dias actuais. Estou a falar da saga Star Wars, traduzida para português como "Guerra das Estrelas".


Actualmente, os filmes desta saga estreiam simultâneamente por todo o mundo, mas em 1977, este fenómeno estreava a várias velocidades. Nos EUA, estreou a 25 de maio em 32 salas. Em Portugal, só estreou sete meses depois, a 6 de dezembro, na enorme sala do Monumental, com capacidade para albergar 1000 pessoas. Esteve sete semanas em exibição em Lisboa, até seguir para outras paragens. Por exemplo, só foi exibido no Porto no final de janeiro de 1978.

Quando estreou, substituiu em cartaz Boccaccio 70 (filme antologia com segmentos realizados por Fellini, De Sica e Visconti), e tinha quatro sessões diárias (14h, 16h30, 19h e 21h30), sendo projetado em 70mm. A sua classificação etária foi "não aconselhável a menores de 13 anos". Um facto curioso é que na sala Satélite, que ficava no mesmo edifício, estava ser exibido o filme Sangue Virgem para Drácula, realizado por Paul Morrisey, vindo da fábrica de Andy Warhol.

No final da década de 1970, as páginas de espectáculos dos jornais eram preenchidas com anúncios de teatro e cinema. Lado a lado com a promoção deste filme, apareciam com igual ou maior destaque a promoção de outros filmes (claramente menores), como O Regresso do Inspector Marmelada, A Liceal, As Aventuras Eróticas de Zorro, etc. Até as revistas eram promovidas com alguma grandiosidade, como Alto e Pára o Baile, exibida na altura no Teatro Maria Vitória e anunciada como "a melhor revista de sempre". Outros tempos...
A promoção inicial que foi feita a Star Wars era discreta, com uma frase meio rebuscada como "Fantásticamente fantástico!" e uma ligeira referência a dois actores secundários no filme, mas que eram "estrelas": Alec Guiness e Peter Cushing. Claro que ninguém conhecia o trio principal de actores: Mark Hamill, Harrison Ford e Carrie Fisher.






Em Portugal, o filme foi bem sucedido, mas não à mesma escala que nos EUA, onde as pessoas passavam as noites à porta dos cinemas, à espera que o filme estreasse. José Manuel Castello Lopes, distribuidor do filme, afirma que em Lisboa isso não aconteceu. Aliás, a sua popularidade foi uma surpresa para muita gente que não acreditava nesta saga intergaláctica. A crítica nacional dividiu-se, recebendo o filme com alguma estranheza e, diria, arrogância. "Lucas fez sucesso imediato, mas não para durar. Um breve divertimento lúdico, com um certo sabor a desilusão", escrevia o Diário de Lisboa, matutino já desaparecido. 
Diário Popular, outro jornal defunto, também não foi simpático: "Uma montanha que pariu um rato. História ingénua, de um maniqueísmo grosseiro, com personagens primárias e mal esboçadas". Até dá vontade de rir, mas foi assim que este clássico foi recebido em 1977 neste país à beira-mar plantado. No entanto, o crítico e realizador Lauro António elogiou bastante este filme, na altura, considerando-o como uma "obra-prima da aventura, da audácia, do arrojo, do humor, com uma grande riqueza e complexidade no plano filosófico". 
Houve quem considerasse este filme como antifascista, como por exemplo o Jornal Expresso, através de Fernando Cabral Martins: "Neste mundo de fantasia, vive-se um significativamente esquemático conflito político, que opõe os amantes da liberdade aos servos do Império Galáctico".




Antigamente, os filmes ficavam meses ou anos em cartaz e esgotavam regularmente, como por exemplo, Uns...e os Outros, de Claude Lelouch, que esteve um ano inteiro em cartaz no cinema Star, sempre esgotado. Star Wars esteve sete semanas em cartaz no cinema Monumental, com quatro sessões por dia que não esgotaram todas. Contudo, foi o suficiente para que, três anos depois, a distribuidora Castello Lopes, estreasse a sua sequela, O Império Contra-Ataca, nas três maiores salas de cinema de Lisboa: Condes, Império e Monumental, com sessões esgotadas. E fazendo regressar o capítulo inicial de 1977, que foi reexibido para novas gerações. 

Concluindo... passados 43 anos, um "pequeno" e discreto filme de ficção-científica, que dividiu opiniões e que fez um sucesso para não durar, tornou-se numa saga de nove filmes  (tal como George Lucas idealizou) com um sucesso grandioso à escala global... até mesmo em Portugal.


Fontes:
Diário de Lisboa, 10 de dezembro de 1977 - http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06828.178.28012
Diário de Lisboa, 12 de dezembro de 1977 - http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06828.178.28013#!13
Diário de Lisboa, 17 de dezembro de 1977 - http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06828.178.28018
https://acervo.publico.pt/culturaipsilon/noticia/sucesso-imediato-mas-nao-para-durar-1717555
https://acervo.publico.pt/culturaipsilon/noticia/ha-muito-tempo-na-longinqua-terceira-fila-do-monumental-1717024
https://observador.pt/especiais/star-wars-ha-40-anos-numa-galaxia-muito-distante-e-em-portugal/
http://enciclopediadecromos.blogspot.com/2014/06/a-guerra-das-estrelas-estreia-em.html

Cine Pátria - cinema no Beato

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A década de 1910 a 1919 é marcada pelo grande desenvolvimento mundial da indústria cinematográfica. Os filmes tornaram-se mais longos e de melhor qualidade, fazendo com que fosse desnecessária a inclusão de outras expressões artísticas nos seus programas. O aparecimento de filmes com enredo aumentou a frequência de público, fomentando a abertura de novas salas de cinema, bem como o encerramento de outras, já ultrapassadas em termos tecnológicos e cujo o lucro era reduzido.
Em Lisboa, para além do aparecimento de novas salas no eixo Rossio - Avenida da Liberdade, também surgiram os chamados cinemas de bairro, em áreas como Alfama, Campo de Ourique, Lapa, Graça, Alcântara, Beato, Poço do Bispo e Estefânia.

Um dos bairros a ser contemplado com um espaço de cinema foi o Beato, com a abertura ao público em 1917 do Cine Pátria, localizado na Rua do Grilo, entre os números 44 e 46, no antigo Palácio dos Duques de Lafões. 


Na altura, o seu empresário era José Perdigão, que trabalhava como caixa na Companhia Cinematográfica de Portugal.
Na época, era referido como sendo "o mais distinto cinema" e a sua frequência recomendava-se "pelo seu pessoal cuidadosamente escolhido".
Este cinema de reprise teve diversas gerências ao longo dos tempos. Entre 1928 e 1931, foi gerido por Manuel José Ginja. Seguidamente foi gerido por Baldomero Charneca da firma Mendonça & Sousa, Lda, de 1950 a 1980, que introduziu alterações assinaláveis e melhoramentos na sala em Março de 1933, como também na fachada exterior. Na altura, este espaço albergava 447 espectadores.


Nos finais da década de 1940 e início da década de 1950, quando as lotações esgotavam aos Domingos à tarde, os arrumadores colocavam uns bancos corridos à frente da primeira fila, para satisfazer mais alguns clientes. Noutras ocasiões de lotação esgotada, só restavam as cadeiras juntos às oito colunas da sala, conforme se pode ver na planta do cinema.

A sala era composta por uma plateia, ligeiramente inclinada, o que provocava bastante calor no público, por causa da sua pouca altura e da falta de adequada ventilação, nos meses de Verão. Devido à pouca altura da plateia, a cabine de projecção situava-se abaixo do nível normal, o que obrigava os retardatários a curvarem-se para evitar que a sua sombra aparecesse no ecrã.

Em 1968, este cinema encerraria as suas portas, para voltar a abri-las no início da década de 1970, com obras de recuperação e de remodelação concluídas. Nesta altura, passava filmes indianos e de cowboys, sendo que na última sessão eram exibidos filmes pornográficos. 
Albergava 250 pessoas, divididas pela plateia e balcão. Contudo, a pouca rentabilidade da sala, a fraca qualidade dos filmes exibidos e a decadência da sala contribuíram para o seu encerramento definitivo no início da década de 1980. Posteriormente, o seu espaço foi utilizado para actividades de culto religioso.


Este edificio é considerado Monumento de Interesse Público desde 2011.



Fontes:
 - ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 19
- SALGUEIRO, Teresa B. Documentos para o Ensino; Dos Animatógrafos ao Cinebolso - 89 anos de cinema em Lisboa. Finisterra, XX, 40 Lisboa, 1985

Nun'Álvares - um cinema que virou clube de jazz

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De regresso à cidade do Porto, onde graças a Aurélio Paz dos Reis, um portuense que realizou o primeiro filme em Portugal, ganhou o epíteto de "berço do cinema português". No ano de 1896, foi projectado no Teatro do Príncipe Real (mais tarde conhecido por Teatro Sá da Bandeira), uma réplica do primeiro filme da história do cinema chamada "A Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança". Em 1906 surge a primeira sala de cinema na cidade com a designação pomposa de "Salão High Life" no Jardim da Cordoaria.

Contudo, tal como em Lisboa, e mais de um século volvido, assiste-se no Porto a um abandono das suas históricas salas de cinema, em detrimento de outras salas feitas para o consumismo popular, mas sem o encanto das primeiras.

Um dos cinemas que também acabou por encerrar portas em pleno Século XXI (à semelhança de outros, como: Pedro Cem, Foco, Charlot, Batalha, Passos Manuel, etc.), foi o Nun'Álvares, localizado na Rua Guerra Junqueiro, 489.


Este cinema foi inaugurado a 1 de janeiro de 1949. O arquitecto Francisco Nobre Guedes foi o responsável pelo projecto do edificio e o proprietário do mesmo foi o industrial Norberto de Oliveira. Sempre foi uma ilustre sala de cinema, situada no Bairro da Boavista, ou Bairro Hollywood do Porto, por ser residencial com grandes vivendas e ruas arborizadas. A sala albergava 192 lugares e era considerado um espaço aprazível, numa zona agradável.











Apesar da glória conquistada nas décadas de 1980 e 1990, com a chegada dos centros comerciais e dos multiplexes, todos os cinemas de bairro do Porto (incluindo este), foram perdendo, lentamente, a sua clientela, prestígio e capacidade para sobreviver. Muitas das salas encerraram portas ou reconverteram-se para outros usos. As que se mantiveram abertas encontraram outras distribuidoras, mais pequenas e focadas no cinema europeu, independente, alternativo ou documental. O cinema Nun'Álvares, que começou a ser explorado pela distribuidora Medeia em 1996, passou a exibir esses géneros de filmes.

Devido à fraca afluência do publico, este cinema encerrou as portas em Janeiro de 2006, com o filme Oliver Twist, de Roman Polanski. Na altura, era considerado um bastião de resistência, porque era a única sala de cinema tradicional no Porto, que ainda mantinha uma programação regular Contudo, a Medeia resolveu não renovar o contrato que tinha com a empresa proprietária do espaço, Ciura (Imobiliária Agrícola Urbana), devido ao défice financeiro e ao número reduzido de espectadores por sessão. Uma triste realidade para uma casa aberta durante meio século.

Em dezembro de 2009, este cinema iria reabrir as suas portas, com uma nova gerência: Malayka Cinemas, que fez uma aposta avultada e acertada para quebrar com o modelo de reabilitação que tinha sido norma noutros cinemas de bairro, apelando a um público fora do mainstream.
A sala foi completamente remodelada, com cadeiras novas e confortáveis. Foram instalados sistemas de som e imagem digitais. A grelha de programação manteve alguns travos de cinema independente, principalmente nas matinés, mas apostou-se na exibição de grandes êxitos comerciais nas sessões nocturnas, por forma a que estes pagassem o investimento inicial de 150 mil euros e uma despesa mensal estimada em 5 mil euros, de acordo com o responsável Elias Macovela.










Contudo, este cinema não era o mais indicado para o público das pipocas, porque não tinha qualquer espaço de restauração para comer antes ou depois da sessão. A ausência de venda de pipocas devia-se ao facto de não incomodar e manter o espírito tradicional. Acabou por perder nos lucros que daí poderiam advir.

A falta de rotatividade dos filmes foi outro problema. Só se poderiam exibir um ou dois filmes diferentes por semana numa única sala, entre a matiné da tarde e o serão. Ao contrário dos centros comerciais que exibem diversos filmes ao mesmo tempo, neste cinema os filmes eram exibidos durante semanas, o que afastava o público que ansiava por um novo filme. Foi o ultimo cinema de bairro a encerrar as portas em 2011, devido a enormes dificuldades financeiras, que impossibilitaram a continuação do projecto.

Em 2019, este antigo cinema transformou-se num espaço musical dedicado ao jazz, designado de Hot Five Jazz & Blues Club, cujo proprietário, Alberto Índio, assinou um contracto de arrendamento de dez anos com o senhorio. 
O novo espaço contém com uma lotação de 200 lugares, com mesas e 100 lugares sentados. As cadeiras são as do antigo cinema e o palco é o mesmo, em meia-lua, situando-se diante da tela onde os filmes eram exibidos. Possue um bar de vinhos do Douro e do Porto no átrio.



FONTES:
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2013/03/nunalvares-porto.html
http://eusoucinemapt.blogspot.com/2018/08/histoires-du-cinema-o-cinema-nunalvares.html
https://www.publico.pt/2019/04/04/local/noticia/antigo-cinema-nun-alvares-porto-reabre-clube-jazz-1868015
https://jpn.up.pt/2019/04/09/antigo-cinema-nunalvares-reabriu-como-um-clube-de-jazz/
https://www.idealista.pt/news/financas/investimentos/2019/04/05/39292-antigo-cinema-nunalvares-da-nova-vida-ao-porto-como-clube-de-jazz
https://www.behance.net/gallery/13567425/Cinema-NunAlvares
http://portodeantanho.blogspot.com/2017/04/continuacao-7.html
http://portoarc.blogspot.com/2013/12/divertimentos-dos-portuenses-xxxi.html
https://despertarosotao.wordpress.com/2010/01/15/cinema-nunalvares-o-local-do-segundo-evento/
-http://www.espoliofotograficoportugues.pt/Default.aspx?ID=10&eComSearch=1&ProductName=cinema%20nun%27%20alvares&ProductName_Type=0

Cinemas do Paraíso: Aveiro - Teatro Aveirense

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Esta nova viagem irá incidir sobre a belíssima cidade de Aveiro. Nesta primeira parte, irei falar sobre um dos espaços culturais mais antigos da cidade: Teatro Aveirense.

O Teatro Aveirense, localizado na Rua Belém do Pará, surgiu da necessidade da cidade possuir um espaço condigno para receber os artistas nacionais, que tanto furor faziam noutros palcos pelo país. As diligências para a construção desse espaço começou cedo, mas teve diversos contratempos. 

Pedro Augusto Rebocho Freire de Andrade e Albuquerque, Presidente da Câmara, comprou, para tal efeito,  um terreno em 1854, fazendo o lançamento da primeira pedra, em Setembro de 1855. Contudo, não foi uma decisão pacífica, porque muitos consideravam que o dinheiro era mal empregue, e que seria melhor que fosse utilizado num... matadouro público. 
As obras até começaram rapidamente, e em Julho de 1857, já se preconizava que dentro de um ano estariam concluídas. Contudo, isso não aconteceu. As obras pararam durante vários anos, até que em 1878, um grupo de homens influentes da cidade organizou a Sociedade Construtora e Administrativa do Teatro Aveirense, que, com um novo impulso, deu continuidade às obras que estavam paradas. 
Em Março de 1879, na casa do Presidente da Câmara Municipal, na época, Sebastião de Carvalho e Lima, formou-se uma Comissão Directiva, por forma a promover a subscrição de duas mil acções, a cinco mil réis cada uma, para angariação de fundos necessários para a conclusão das obras, no valor de dez contos de réis. Esta angariação foi feita na rua, de porta em porta, por forma a convencer o público a adquirir acções, apelando, ao mesmo tempo, ao sentido patriótico de cada habitante. A campanha foi tão bem sucedida que, num só dia, em duas horas, conseguiu a assinatura de 271 acções, no valor de 1.355$00 réis. A própria Câmara tomou para si 720, num total de 3.600$00 réis. E foi assim que as obras puderam ser concluídas.



Ao fim de vinte e oito anos, no dia 5 de março de 1881, foi inaugurada a principal casa de espectáculo da cidade de Aveiro, com a companhia do Teatro D. Maria II, que fez quatro récitas, entre 5 a 8 de março, apresentado as comédias: A Mantilha de Renda, Amor por Conquista, Os Dois Sargentos e A Estrangeira.
Iniciou-se, assim, uma nova época teatral e cultural, abrindo-se as portas para companhias nacionais, como também locais.



Durante os últimos anos do século XIX, a má gestão deste teatro foi muito falada na imprensa local, desde a não lavração das actas das reuniões; contas pouco claras; número de bilhetes vendidos superior à capacidade da sala; mediocre escolha dos artistas e os empregados faziam o que queriam. Os artistas também se queixavam de roubos e explorações, nomeadamente o actor Taborda.
A sala era bastante desconfortável, tendo sido solicitada, em 1885, a substituição das cadeiras por bancadas iguais às superiores, por forma a que senhoras não tivessem que levantar para dar passagem aos cavalheiros. Em Janeiro de 1888, foi eleita uma nova direcção. Na primeira reunião, foram solicitadas pelo Comandante dos Bombeiros pequenas obras por causa da segurança do público, no caso de incêndio. Se não fossem feitas, o teatro seria fechado.
A Direcção não olhava a meios para obter receitas, nem que para isso vendesse mais bilhetes do que a lotação da sala, provocando situações de pânico entre a assistência, principalmente nas mulheres que desmaiavam. A Direcção foi acusada de explorar o público com estas situações. 

Com a chegada do século XX, as dificuldades mantiveram-se. As obras, cada vez mais necessárias, não podiam ser feitas porque o valor das receitas era diminuta, até mesmo para pagar contas correntes.
Este teatro era cedido para os bailes de Carnaval que, apesar de rentáveis, acabavam por provocar tantos estragos que os lucros quase não compensavam. Este tipo de cedência obrigava à desmontagem da plateia, o que por vezes resultava em danos nas cadeiras. 
A exploração cinematográfica permitiu um saldo francamente mais positivo, começando em 1907, apesar das obras de adaptação da sala para o efeito, só tivessem sido feitas em 1912. 







As sessões cinematográficas tinham mais entradas que os espectáculos de teatro, sendo que o pouco dinheiro disponível era investido no negócio que dava mais lucro.
Contudo, a relação com o cinema era de amor-ódio. Por um lado, trazia mais receitas que qualquer outro espectáculo. Por outro lado, também trazia dissabores, como a qualidade do material não era a melhor, porque muitas vezes as fitas já estavam tão gastas que se partiam, para desespero do público, que mostrava o seu desagrado destruindo as cadeiras e outros materiais existentes na plateia. Certas fitas não eram bem acolhidas, principalmente por pessoas que viam no cinema um meio perigoso de educar a população, sobretudo as crianças. 
No entanto, as grandes receitas provinham do cinema, pois o aluguer das fitas era mais barato que o contrato de uma companhia teatral, pelo que a Direcção optava por mais sessões de cinema em detrimento de espectáculos teatrais.

Em 1926, a Direcção que assumiu o comando deparou com inúmeras  irregularidades, uma vez que a parte burocrática estava por fazer, com inúmeras dívidas não registadas. Era cada vez mais evidente que as diferentes direcções procurassem quebrar as ligações com as anteriores. Talvez por isso, em 1929, todos os empregados tivessem sido despedidos e fosse aberto um novo concurso para trinta lugares, todos masculinos, à excepção de duas serventes femininas.







Em Janeiro de 1945, foi eleita uma nova direcção, que teria de empreender obras de remodelação. Foram enviadas cartas aos accionistas, com informação sobre a situação estável do teatro, com o inventário em ordem e as contas saneadas. Para se obter mais receitas, aumentam-se os dias dedicados ao cinema (terças, quintas, sábados e domingos), alterando com peças de teatro, declamação ou revistas.
As obras de melhoramento só se realizariam em 1949, devido às inúmeras dificuldades burocráticas encontradas para a sua execução, em virtude do projecto de alargamento para a rua onde o edifício se encontrava, o que inviabilizava o aumento de capacidade da sala. A Direcção, por forma a aproveitar ao máximo as capacidades do espaço, seguiu o projecto do Arqt.º Ernesto Camilo Korrodi, que elevava a lotação para 1178 lugares, um pouco à revelia da Inspecção Geral de Espectáculos que, após a vistoria realizada em Novembro do mesmo ano, informou que foram construídas frisas e camarotes, contrariamente ao determinado; foi construída promonoir da mesma altura que o segundo balcão, excedendo mais de metade da sala e existiam divergências relativamente ao sub-palco.









Para que o teatro voltasse a abrir, foram impostas várias condições, como: demolição dos camarotes, frisas e balcão construídos ilegalmente ou, caso contrário, a sua interdição em espectáculos de cinema. No total, teriam que desaparecer 114 lugares: 10 frisas, 8 camarotes e promonoir, do lado direito e esquerdo, o que fez com que a Direcção optasse por não utilizar esses lugares durante a exibição de filmes.
Lentamente,e à semelhança do ocorrido um pouco por todo o país, este espaço foi decaindo e começou a exibir filmes pornográficos e uma ou outra revista. Também teve a concorrência de outro espaço cultural da cidade, o Cine-Teatro Avenida.






Em 1998, passou a ser um teatro municipal, com a escritura de venda assinada pela Câmara, iniciando um novo ciclo da sua vida ao integrar a Rede Nacional de Teatros. Em 2000, fecha uma vez mais para remodelação total, reabrindo em Outubro de 2003.

Actualmente, a missão deste teatro é ser um espaço de conhecimento, saber e actualidade artística. Tem como objectivo primordial criar, captar e fidelizar públicos para o projecto do Serviço Educativo do Teatro Aveirense, bem como funcionar como elemento facilitador do encontro entre a criação e o público, privilegiando o contacto directo com experiências estéticas, através de um trabalho de mediação entre a criação artística e os diversos públicos (escolar, familiar, adulto e sénior). 

O teatro compõe-se por uma sala principal, com capacidade para 603 pessoas, incluindo seis lugares especialmente destinados a espectadores em cadeira de rodas, encontrando-se sub-dividida entre plateia, 1º balcão e camarotes. Equipada com fosso de orquestra, material de iluminação e sonorização cénica bem como de projecção de vídeo; um salão nobre, destinado a exposições ou conferências, com capacidade para acolher 300 pessoas. O uso de equipamento de luz e som para eventos de diversas tipologias concede multifuncionalidade a este espaço, situado junto ao bar, no 2º piso; uma sala estúdio, ideal para a realização de workshops ou ensaios em regime reservado. Possui régie e capacidade para acolher até 150 pessoas. Encontra-se no último piso do edifício, próxima de diversos camarins com elevada capacidade.






A sua programação incide sobre a música, dança, cinema, teatro, exposições, visitas guiadas, workshops, entre outras actividades.
Também desenvolve projectos especiais, como Serviço Educativo, Academia de Artes Digitais em parceria com a Universidade de Aveiro, Festivais, entre outros.

Fontes:
LOPES, Judite Conceição Afonso (2008) Teatro Aveirense, Mestrado em Estudos de Teatro, Faculdade da Universidade de Lisboa
http://www.teatroaveirense.pt/
http://www.teatroaveirense.pt/downloads/DossierPatrocinioTA.pdf
https://www.diarioaveiro.pt/noticia/44702

Cinemas do Paraíso: Aveiro - Cine Teatro Avenida

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Continuando pela bonita cidade de Aveiro, este texto irá incidir no antigo Cine Teatro Avenida, localizado na Praça do Mercado, n.º 1.


Foi inaugurado a 29 de janeiro de 1949, com a exibição do filme português "Não Há Rapazes Maus", do realizador Eduardo Maroto, inspirado na obra do Padre Américo.

A projecção ficou a cargo do Arqt.º Raúl Rodrigues Lima (1909-1979), responsável por outros projectos de cinemas e cine-teatros, nomeadamente: Cinema Cinearte e Cine-Teatro Monumental (Lisboa), Cine-Teatro Messias (Mealhada), Cine-Teatro de Estarreja, Teatro Micaelense em São Miguel (Açores), Cine-Teatro da Covilhã e Cinema Império (Lagos).


A construção do Cine-Teatro Avenida começou em 1944, depois de uma parte do terreno, propriedade da Câmara Municipal, ter sido vendida em hasta pública, por 56.700$00. Mais tarde, o restante terreno foi vendido pelo seu proprietário, Bolais Mónica, pela quantia de 45.360$00, permitindo que o Arqt.º Raúl Rodrigues Lima começasse a conceber o projecto.
No âmbito da construção deste edifício, foi construída uma sociedade designada "Empresa Cinematográfica Aveirense, Lda", que também esteve associada à construção do Cine-Teatro de Estarreja, também projectado pelo Arqt.º Raúl Rodrigues Lima. Faziam parte desta sociedade Augusto Fernandes, Joaquim Henriques, Severim Duarte, João da Costa Belo, José André da Paula Dias, Fernando Henrique Vieira Pinto Bagão, Henrique Alves Calado, Luís Francisco Cristiano, Manuel Bento, José Cândido Rodrigues Pereira, Carlos Marques Mendes e Vicente Alcântara, possuidor do alvará de construção.

As obras, sob a égide do Eng.º Ângelo Ramalheira, começaram de uma forma atribulada, pois o solo alagadiço obrigou à extracção de lamas e injecções de areia, até uma profundidade de 20 metros. As mesmas duraram quatro anos a serem realizadas.

 
 
 
 
 

 

A sua sala de espectáculo albergava 1370 espectadores (uma das maiores do país), distribuídos por uma plateia, dois balcões e quatro frisas. Dispunha de uma central eléctrica privada de 60 kws, com refrigeração e aquecimento, uma central telefónica com nove linhas e três máquinas de projecção.
O jornal "O Democrata" relatou que esta sala era feita em linhas modernas de avantajado pé direito, luz indirecta, com diversos salões, nomeadamente o faustoso salão de festas no 1º andar, que sobressaía no meio de uma escultura. Existiam bares e numerosos lustres em cristal de fabrico de Alcobaça. As carpetes eram riquíssimas e o mobiliário estofado era muito cómodo.


O requinte e a curiosidade que esta sala despertava fez mossa no antigo Teatro Aveirense, visto que, em pouco tempo, o público trocou o velho edifício pela recém inaugurada e moderna sala, que se localizava na principal avenida da cidade. Tanto que, na década de 1950, as administrações das duas salas reuniram-se para minimizar o prejuízo, com acordos de esquemas de gestão, passando pela exibição alternada de espectáculos, o que implicava que nenhuma das salas poderia apresentar dois espectáculos seguidos. A exibição de filmes era feita em dias alternados: terças, sábados e domingos no Teatro Aveirense e quartas, quintas e domingos no Cine Teatro Avenida.



A acústica desta nova sala não era a melhor para representações teatrais, devido ao  seu desconforto e às pobres condições de temperatura e acústica, visto que, em alguns sectores não se ouvia nada. Em pouco tempo, os administradores desta sala tiveram de se cingir somente à exibição de filmes, registando-se poucos espectáculos. 



Contudo, ao longo da sua história, esta sala não serviu só para exibir filmes, mas também albergou outro tipo de eventos, entre os quais, politicos.
Em abril de 1973, recebeu o 3º Congresso da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo, tendo sido um momento de viragem na política portuguesa e na estratégia da oposição, unindo várias correntes ideológicas, politicas e democráticas, permitindo que nas eleições legislativas de 1973, toda a oposição concorresse sob uma única lista eleitoral. Junto ao edifício, ocorreu uma manifestação pacífica, que acabou com uma violenta carga policial sobre os seus manifestantes, fazendo vários feridos.

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/aveiro-nos-caminhos-de-abril/




Em 1984, a "Empresa Cinematográfica Aveirense, Lda." e a "Sociedade Figueira Praia" formaram a "Aveitur - Sociedade de Empreendimentos Turísticos de Aveiro", que transformou por completo o interior do edifício, mantendo a fachada original. Foi renomeado de "Edifício Avenida" e albergou um bingo, agência bancária, um estúdio de cinema para 350 pessoas e uma sala de exposição que funcionou no antigo salão nobre, que manteve a traça original.


Depois de largado ao abandono durante vários anos, este edifício foi resgatado por Hugo Pereira, Patrícia Surrador e António Silva, e em 2018 passou a ser o espaço "Avenida Café Concerto", dedicado a eventos culturais. Com um auditório com capacidade para 400 pessoas e um café concerto, este espaço pretende devolver a cultura à cidade.











Fontes:
Almeida, Alexandre R.A.(2018) Aveiro na mão: mídias locativas e memória da cidade. Mestrado em Média Interativos. Instituto de Ciências Sociais. Universidade do Minho
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2015/11/cine-teatro-avenida-em-aveiro.html
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/aveiro-nos-caminhos-de-abril/
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=10577
https://www.publico.pt/2018/08/04/local/noticia/a-cultura-vai-voltar-a-acontecer-no-antigo-cineteatro-avenida-1839310
https://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt/3521593.html
http://www.pcp.pt/3%C2%BA-congresso-da-oposi%C3%A7%C3%A3o-democr%C3%A1tica
https://www.pinterest.pt/pin/420594052684050425/?nic_v1=1aOgGcKTGLT8UsBpui50CEUr06cVXp%2BIZKkyPOgpuamnUIo0nX5%2Be9lp9SC9p73Ik2

Cinemas do Paraíso: Aveiro - Centros comerciais e multiplexes

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Nesta terceira parte dedicada aos espaços cinematográficos de Aveiro, vou falar de alguns desses espaços inseridos em centros comerciais, quer de pequenas ou grandes dimensões.

Um desses espaços localizava-se no Centro Comercial Oita, apresentado como um "símbolo de progresso" e que abriu as portas a 28 de outubro de 1983. Este centro, situado na Avª Dr. Lourenço Peixinho, a principal avenida da cidade, foi na época considerado o maior centro comercial de Aveiro. O seu nome é uma homenagem à cidade japonesa Oita, devido ao facto de Aveiro ter um acordo de cooperação e amizade com esta cidade, sendo consideradas cidades geminadas desde 1978. Aliás, o investimento feito na construção deste centro comercial adveio de empresários japoneses.
A inauguração do Estúdio Oita foi um acontecimento na cidade e onde ocorreu a ante-estreia do filme "O Regresso de Jedi". A sala de cinema, apesar das pequenas dimensões,  tinha uma decoração moderna e extravagante para a época, possuindo cadeiras brancas com detalhe vermelhos. O cinema era o grande destaque do centro comercial, tendo contribuído para o encerramento de importantes salas de cinema de rua, como o Teatro Aveirense e Cineteatro Avenida.
Na década de 1990, o Cineclube de Aveiro levou a cabo as suas primeiras sessões, recorrendo ao aluguer do Estúdio Oita, para esse efeito.
O surgimento de novos espaços comerciais, que serão falados adiante, contribuíram para a desertificação do comércio localizado nesta avenida, bem como para a crescente irelevância deste centro comercial.
Em 2005, o Estúdio Oita reabriu portas depois de um breve encerramento. Passou a ser dinamizado pelo Cineclube de Aveiro, apostando na exibição de filmes europeus e de carácter experimental.
Contudo, como muitas outras salas de cinema que o deixaram de ser, esta sala alberga actualmente a Igreja Cristã Vida Abundante.




O Estúdio 2002, localizado na mesma avenida, foi uma pequena sala inaugurada na década de 1980 e que existiu no edificio, com o mesmo nome, que começou a ser construído no final da década de 1970. Era um espaço de dimensões pequenas e que funcionou até 1999, ano do seu encerramento.
Na década de 1990, também albergou as primeiras sessões do Cineclube de Aveiro. Em 2007, o espaço foi comprado pela IURD.


A 29 de setembro de 1998 foi inaugurado o primeiro centro comercial ao ar livre construído em Portugal, Forum Aveirolocalizado na Rua Homem de Christo
O enquadramento em pleno centro histórico da cidade era perfeito e os espaços verdes compostos por jardim suspensos conferem ao conjunto um ar aprazível de espaço de lazer. As salas de cinema deste centro comercial eram geridas pela empresa NOS, acabando por encerrar  em 2018, depois de 20 anos de existência. O encerramento das mesmas inseriu-se num projeto de reformulação do centro comercial, por forma a alterar a oferta comercial.


Em 1999 foi inaugurado o Glícinias Plaza Shopping Center, localizado na Rua D. Manuel Barbuda e Vasconcelos. Este centro comercial veio servir uma população que começou a fixar-se nos novos bairros que surgiam fora do centro histórico, no final da década de 1990. Possui 7 salas de cinema geridas pela empresa NOS, sendo as únicas salas a operar na cidade de Aveiro.



Fontes:
- ALMEIDA, Alexandre R. A. Aveiro na mão: mídias locativas e memórias da cidade (2018). Mestrado em Média Interativos. Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.
- CRUZ, Sara A.P.V. Aveiro, a avenida: bases para um plano (2011). Dissertação de mestrado em Arquitectura. Departamento de Arquitectura da FCTUC.
http://www.cineclubedeaveiro.com/documentos/CCA50anos.pdf
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/12/oita-aveiro.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/12/forum-aveiro.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/12/glicinias-plaza-aveiro.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2015/04/estudio-2002-aveiro.html
https://www.facebook.com/pg/centrocomercialoita/photos/?tab=album&album_id=199556460381557&ref=page_internal
https://www.publico.pt/2005/09/08/jornal/aveiro-recupera-cinema-alternativo-no-oita-pela-mao-do-cineclube-37824
https://www.jn.pt/arquivo/2005/cinemas-no-girassolum-fecharam-as-portas-480222.html
- http://www.aveiro.co.pt/noticia.aspx?id=69593&notic=Aveiro:%20Antigo%20Est%C3%BAdio%202002%20comprado%20pela%20IURD
https://www.cmjornal.pt/portugal/cidades/detalhe/forum-aveiro-encerra-cinemas-apesar-do-protesto-de-utentes

Cinema Zodíaco - uma pequena sala lisboeta

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No seguimento do aparecimento de pequenas novas salas de cinema em Lisboa, incorporadas em edificios de habitação, foi inaugurado no dia 23 de março de 1979, na Rua Conde Redondo, n.º 5, o Cinema Zodíaco.

À semelhança de outras salas, este cinema situava-se numa cave de um prédio de habitação, com entrada no rés-do-chão. As pessoas entravam para um átrio ao nível da rua, descendo em seguida para a sala, através de uma escadaria misteriosa. Foi um pequeno espaço cinematográfico que aproveitou uma cave e que estava pensado para uma lotação de 400 espectadores, desembocando num modelo íntimo, mas nem sempre rentável.


Como referiu o Diário de Lisboa de 23 de março de 1979, este cinema era confortável e possuía um ambiente agradável, feito a pensar nos espectadores. O filme de estreia foi "Graças a Deus é Sexta-feira", um filme sobre a febre disco e que estrelava a cantora Donna Summer.


Contudo, o defunto matutino Diário de Lisboa, de 29 de março de 1979, teceu duras críticas ao cinema inaugurado uma semana antes, bem como à escolha do filme para tal evento.
O crítico de cinema Jorge Leitão Ramos, começa o seu texto por dizer que a nova sala: "(...) é agradável e com suficiente conforto (se bem que o seu formato não seja famoso)". 
Depois crítica veemente o critério de programação deste cinema, deduzindo que: "(...) que será mais uma sala destinada a canalizar o cinema americano e a de que os factores comerciais constituem um dos fulcros de actuação". Daí justificar a inauguração deste cinema com a exibição de um filme mediocre como "Graças a Deus é Sexta-feira".


Pouco ou nada sei sobre este cinema, para além da sua inauguração. A edição de 31 de dezembro de 1986 do Diário de Lisboa, contém a menção de que este cinema encontrava-se a exibir permanentemente filmes indianos. Agradece-se informação sobre o ano de encerramento deste cinema.


Actualmente, este espaço foi transformado no The Leaf Boutique Hotel, depois de muitos anos devoluto.

Fontes:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
Diário de Lisboa, de 23 de março de1979 - http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06830.180.28401#!19
Diário de Lisboa, de 29 de março de1979 - http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06830.180.28406#!18
Diário de Lisboa, de 31 de dezembro de 1986 - http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06882.199.30736#!21

Restaurante Esplanada "Castanheira" - Um restaurante que serviu cinema

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Continuando a viagem pela sempre mui nobre cidade de Lisboa, e após pesquisa feita ao extinto jornal "Diário de Lisboa", descobri que houve um cinema ao ar-livre, alojado num distinto restaurante situado na Estrada da Torre, nº 77, na zona do Lumiar. Esse restaurante chamava-se "Castanheira".

Postal do Restaurante "Castanheira"

Este espaço foi inaugurado no dia 16 de Abril de 1949, pelas mãos do seu fundador e proprietário, António Castanheira de Moura (1865-1961), natural de Vila Seca, Tábua. Estabeleceu-se em Lisboa, e como empresário do ramo da padaria, abriu 246 estabelecimentos de produção e venda de pão. Também foi o fundador da FEP - Federação Espírita Portuguesa, em 1926.

António Castanheira de Moura (1865-1961)

Este edificio, erigido na vasta propriedade do seu proprietário, englobava um café-bar; duas salas de restaurante que ladeavam um enorme salão-restaurante, capaz de albergar 300 pessoas; uma pista de dança onde, aos fins-de-semana, actuava uma orquestra privativa. 

Entrada do Restaurante "Castanheira"

Ementa 

Anúncio Publicitário do Restaurante no "Diário Popular"de 04-06-1955

Possuía igualmente um enorme parque automóvel, bem como uma "Esplanada-Cinema", inserida num parque aprazível que, no Verão, permitia aos clientes a possibilidade de assistirem a um filme, enquanto de deliciavam com a sua refeição. Mais tarde, este parque foi dotado de pequenas salas independentes que, equiparadas a "moradias", onde se realizavam banquetes de casamento, batizados e outros eventos sociais.

1º Anúncio Publicitário do Restaurante, datado de 23-04-1949

Grupo do "Jornal do Comércio", posando junto à "Esplanada-Cinema"

Por volta de 1954/1955, a entrada neste cinema ao ar-livre custava entre dez a quinze tostões.

Este espaço está igualmente ligado à História de Portugal. Nas eleições presidênciais de 1958, a candidatura do Eng.º Cunha Leal foi tornada pública neste restaurante, com intervenções notáveis, nomeadamente da escritora Natália Correia, que declamou um poema dedicado à memória de Catarina Eufémia.

Este restaurante também esteve ligado às primeiras edições experimentais da Radiotelevisão Portuguesa, que se realizaram a 4 de Setembro de 1956, a partir da Feira Popular de Lisboa, então localizada no Parque da Palhavã), porque viu instalado no seu espaço um posto receptor de emissão. 

Este restaurante surge indiretamente conectado às movimentações académicas de 1962, que então abalaram a Universidade de Lisboa, em torno das comemorações do "Dia do Estudante", a 24 de março. Jorge Sampaio presidia ao Plenário, realizado no Estádio Universitário, na qualidade de Secretário-Geral da R.I.A. (Reunião Inter-Associações), no qual participavam Afonso de Barros, António Arez, André Machado Jorge, entre outros. No final da reunião, foram até este restaurante, onde se encontrava a almoçar o Reitor da Universidade, de seu nome Marcelo Caetano. Antes mesmo de chegarem ao local, os estudantes foram dispersados por uma carga da Polícia de Choque.

António Castanheira de Moura e seus herdeiros foram os proprietários dos terrenos do restaurante até ao final da década de 1960. Posteriormente, nesse local, foi construído o Bairro da Cruz Vermelha. Nesses terrenos eram cultivados cereais para alimentar a fábrica de farinha, que se situava nas traseiras do restaurante, e que pertencia à familia Castanheira de Moura.



Este restaurante encerrou portas na década de 1980 e tornou-se num edificio em ruínas, até ser totalmente demolido em 2010.

Actualmente, funciona no seu terreno um Hipermercado Continente.


Fontes:

- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2015/05/o-restaurante-castanheira-abriu-as-suas_29.html

- http://citizengrave.blogspot.com/2012/05/cinemas-onde-nao-vi-filmes-cinema.html

- https://www.facebook.com/contamehistoriaslisboa/photos/a.673186952809403/673186979476067/?type=3

Cine-Teatro da Encarnação - Um cinema que virou associação

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Depois do passeio feito à zona do Lumiar, vou falar-vos de um antigo cinema que marcou as memórias dos habitantes (e não só), do Bairro da Encarnação, em Lisboa.

Associação Desportiva e Cultural da Encarnação e Olivais (ADCEO)

Em 1959, iniciou-se a obra de construção do Centro de Recreio Popular do Agrupamento de Casas Económicas da Encarnação, com projecto da autoria do Arqt.º Eduardo Moreira Santos,tendo posteriormente sofrido obras de ampliação a partir de 1962, onde se incluia uma sala de cinema.

O Cine-Teatro da Encarnação foi inaugurado a 7 de Abril de 1968, pelo então Presidente da República, Américo Tomás. Situado na Rua da Quinta de Santa Maria, foi, durante anos, a mais emblemática sala de cinema da zona mais oriental da cidade. Nessa altura, ainda não tinha sido construída a 2ª Circular, que passa não muito longe desta zona.

Em 1969, a sala de cinema sofreu obras de remodelação, nomeadamente o seu balcão, que não permitia aos espectadores verem os filmes convenientemente.

Com capacidade para albergar 750 espectadores, foi um ponto de encontro e ex-libris do Bairro da Encarnação. Contudo, este espaço deixou de exibir filmes em 2000, funcionando, actualmente, como sala de teatro e complexo cultural e desportivo da Associação Desportiva e Cultural da Encarnação e Olivais (ADCEO).


Fontes:

https://informacoeseservicos.lisboa.pt/contactos/diretorio-da-cidade/cine-teatro-da-encarnacao

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPAArchives.aspx?id=092910cf-8eaa-4aa2-96d9-994cc361eaf1&nipa=IPA.00026313

http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2009/11/cine-teatro-da-encarnacao-1969-2000.html


Cinema Lumiére (A e L) - O cinema chega às galerias de bairro

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De volta à cidade do Porto, vou falar sobre duas salas de cinema que foram inauguradas em 1978 na Rua das Oliveiras, n.º 72/Rua José Falcão, nº 157: Lumiére A e Lumiére L, inseridas nas Galerias Lumiére. O autor deste projecto foi o Arqt.º Magalhães Carneiro.

Fachada das Galerias Lumiére

Antes dos centros comerciais e dos grandes shopping centers aparecerem, as maiores cidades do país eram animadas por pequenas galerias, que se espalhavam pelas mesmas e eram autênticos pontos de encontro nos seus bairros. As suas salas de cinema contavam com uma boa fidelidade por parte do público.

Contudo, com o aumento da mobilidade, os horizontes alargaram-se e descobriram-se outros atractivos fora da área de residência, fazendo com que a cidade não se resumisse à vida de bairro. Isto fez com que as pequenas galerias caíssem no esquecimento e com elas as suas salas de cinema. As salas de cinema das Galerias Lumiére não foram excepção e encerraram  em 1997, provocando o declinio das próprias galerias. Actualmente, as antigas salas de cinema foram transformadas numa garagem para automóveis.

Em 2009, um empresário da restauração comprou treze das lojas existentes nestas galerias, criando um espaço em torno do átrio central, possibilitando a convivência de restaurantes e bares.O próprio átrio transformava-se em discoteca à noite. Durante alguns anos, este projecto trouxe alguma animação a este espaço, mas a partir de 2011, o movimento voltou a decrescer.

Em 2014, estas galerias voltaram a ganhar vida com novos inquilinos e novas ideias de negócio. O edificio, composto por dois andares com várias lojas, possui um átrio central que funciona como área de restauração e uma sala de estar, decorada com peças de mobiliário escandinavo retro e iluminada por uma clarabóia central.



Interior das Galerias Lumiére

Actualmente, estas galerias correm o risco de fecharem definitivamente, devido à falta de comunicação entre os comerciantes e o novo proprietário do espaço, IDS Grupo. Os poucos  comerciantes queixam-se da pressão para se chegar a um acordo de saída, da falta de comunicação e dos erros alusivos aos contractos de arrendamento. Sabe-se que deu entrada na Câmara Municipal do Porto um pedido de Informação Prévia, sobre a viabilidade de se realizar obras de alteração, com vista à instalação de um empreendimento turístico. A autarquia não deu, por enquanto, um parecer favorável a esta pretensão, aguardando o parecer solicitado à Direcção Regional de Cultura do Norte.


Fontes:

http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2013/04/lumiere-e-l-porto.html

https://www.facebook.com/galerias.lumiere

https://www.publico.pt/2020/05/14/local/noticia/cultura-norte-emitiu-parecer-favoravel-condicionado-hotel-galerias-lumiere-porto-1916519

https://www.tripadvisor.pt/Attraction_Review-g189180-d8790558-Reviews-Galerias_Lumiere-Porto_Porto_District_Northern_Portugal.html

https://jpn.up.pt/2011/04/27/galerias-lumiere-comerciantes-pedem-nova-remodelacao/

https://observador.pt/2019/10/22/o-fim-das-galerias-lumiere-uns-lutam-com-advogados-outros-rendem-se-e-fecham-a-porta/

Cinemas do Paraíso: Linha de Cascais - Carcavelos

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Depois dos habituais passeios cinematográficos por Lisboa e Porto, este post vai se debruçar sobre a famosa Costa do Sol ou Linha de Cascais. A primeira paragem foi na Freguesia de Cascais, sendo que esta será em Carcavelos.

Carcavelos foi uma freguesia do Concelho de Cascais, com 4,51 km² de área e 23 347 habitantes (2011). Foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Parede para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Carcavelos e Parede, da qual é a sede. É um dos locais mais frequentados de toda a Linha de Cascais, sobretudo pela praia que é uma das maiores da zona.

Relativamente ao cinema, vou falar de dois espaços situados nesta vila. O primeiro, já desaparecido chamava-se Vitória Cine, localizado na Rua João da Silva, nº 4. Poucas informações existem sobre este cinema, pelo que se alguém conhecer a história do mesmo, convido a partilhar com este blogue.

Antiga fachada do Vitória Cine

Este espaço passou por diversas transformações. Para além de ter sido um cinema, também foi o Ginásio Ludance.

Actualmente, encontra-se neste local o novo espaço cultural de Carcavelos designado CriArte. Foi inaugurado no dia 23 de setembro de 2018.

A reabilitação do edifício nasceu no âmbito do Orçamento Participativo de Cascais (OP), mas a dimensão da proposta da Associação Criativa levou a que a concretização da mesma saísse da esfera OP, sendo executada no âmbito das obras municipais de  reabilitação.

Demolição do antigo Vitória Cine

Construção do novo espaço multicultural 

CriArte - Novo Espaço Cultural

A CriArte é um espaço aberto a todo o público, sobretudo aos jovens, e acolhe a Loja Cascais Jovem e duas associações juvenis Cascalenses, a Palco da Tua Arte e a Criativa. A sala de espetáculos encontra-se no piso 0 e alberga perto de 195 pessoas, a sala multiusos e as salas das associações juvenis encontram-se no 1.º piso e um café no 2.º piso.

Sala de Espectáculos da CriArte

O segundo cinema a ser abordado neste post, e que ainda exibe filmes, é o Atlântida Cine, localizado no Centro Comercial Carcavelos, na Rua Dr. Manuel Arriaga (junto à Estação de Comboios e não muito longe da praia).

Fachada do Centro Comercial Carcavelos

Este cinema foi inaugurado em Março de 1983, numa época em que existiam diversos cinemas de bairro. Integrado num pequeno centro comercial (uma modernice da década de 1980), commuitas lojas fechadas e abandonadas, este cinema resistente pertence ao empresário Fausto Semedo, que comprou um rectângulo vazio e fez nascer daí um espaço dedicado à 7ª Arte. Apesar da crise, que tem acentuado ao longo dos anos, decidiu abrir uma segunda sala e um bar em 1993, com lotação respetiva de 211 e 78 lugares.

Destacam-se igualmente o bengaleiro vintage para pendurar os casacos, o bar com cadeirões, a antiga máquina de pipocas, a sala espaçosa e com cadeiras confortáveis e aveludadas, uma programação cuidada e a ausência de publicidade.

Fausto Semedo, dono do Atlântida Cine

Interior da sala do Atlântida Cine

Apesar de já não ter o fulgor de outrora, este cinema continua aberto ao povo de Carcavelos com três sessões diárias, encerrando à 3ª feira e nos meses de Julho e Agosto, para manutenção, aproveitando assim a menor oferta de filmes de qualidade

Fontes:

https://jovem.cascais.pt/pt-pt/node/1109

https://www.facebook.com/pages/Criarte%20by%20Cascais%20Jovem/309675733155473/

https://www.facebook.com/forumcarcavelos/posts/2001817496730664/

https://newinoeiras.nit.pt/cultura/a-historia-do-cinema-de-bairro-reabre-esta-quinta-feira/

https://www.helenamagalhaes.com/post/o-cinema-antigo-de-carcavelos

https://visao.sapo.pt/visaose7e/sair/2016-01-21-a-prova-de-resistencia-do-atlantida-cine/


Cinemas do Paraíso: Linha de Cascais - Estoril

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Continuando esta viagem cinematográfica pela Linha de Cascais, a paragem que se segue é a localidade de Estoril.

O mais famoso cinema desta vila foi aquele que pertenceu ao Casino Estoril, que foi inaugurado pela primeira vez a 15 de agosto de 1931, apesar da primeira pedra ter sido lançada a 16 de Janeiro de 1916. Esta obra foi promovida por Fausto de Figueiredo e projectada pelo Arqt.º Raoul Jourde, em estilo Art Deco.



Publicidade de 1932 e 1934 ao Casino Estoril, referindo o cinema


Programa da semana de 23 de dezembro de 1941, publicado no "Diário de Lisboa"

Programação de 10 a 16 de Agosto de 1964 

A segunda inauguração do Casino Estoril decorreu no dia 28 de Março de 1968, tendo sido projectado pelos Arqts.º Felipe Nobre de Figueiredo e José Almeida Segurado. O projecto da decoração de interiores ficou a cargo de Daciano da Costa e José Espinho (Móveis Olaio), tendo este último desenhado todo o mobiliário.

O cinema, teatro e anfiteatro seria inaugurado no dia 2 de Abril do mesmo ano, com a exibição do filme "A Bailarina" da chancela Walt Disney.

Cartaz do filme inaugural do novo cinema do Casino Estoril, em 1968

Do filme em si não reza a história, mas da inauguração do novo cinema foi escrito o seguinte, no Diário de Lisboa de 3 de Abril de 1968: "Cadeiras forradas a um tom verde mar, paredes de um castanho-claro, mostrando os veios da madeira fina, um tecto de belos efeitos (recordando o do Teatro Vllaret), acaltifas de um verde azul marinho escuro, reposteiros igualmente azulados. Uma cortina que abre lateralmente para descobrir um "écran" de belas proporções. (...) A projecção obedecia a todas as regras (...). Iluminação correcta, óptimo som, boa visibilidade.(...) Parabéns, portanto, a todos os responsáveis pelo traçado da sala. Parabéns, ainda, ao Casino (porque soube escolher arquitectos e decoradores à altura do empreendimento)".

Este espaço tinha a lotação para 452 espectadores e destinar-se-ia, em princípio, a reprises de estreias recentes, sendo a excepção o filme inaugural.

Entrada da Sala de Cinema, Teatro e Anfiteatro
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Interior da Sala de Cinema, Teatro e Anfiteatro

Capa e Contracapa do Programa da semana de 20 a 29 de Setembro de 1968

Programa da semana de 16 a 22 de agosto de 1971

Actualmente, esta antiga sala de cinema funciona como sala de espectáculos, desde a música, passando pelo teatro e stand-up comedy.

A vila do Estoril teve mais salas de cinemas durante o Séc. XX, nomeadamente:

Cinema do Grande Casino Internacional de Monte Estoril - Fundado pela Sociedade composta por Luís Gonzaga Ribeiro e José Nunes Ereira, no início do Séc. XX, este casino localizava-se no Palácio Castanheta. Exibiu filmes até ao seu encerramento em 1931.

Palacete onde se situava o Grande Casino Internacional de Monte Estoril (1920)



Cine Monte Estoril - Este cinema situava-se no antigo edificio do Stranger's Casino, que ficava num palacete na Avenida Saboia. Foi inaugurado a 17 de Março de 1935.

Palacete onde se situava o antigo Stranger's Casino, em Monte Estoril

Anúncio Publicitário de 1918

Palácio Cinema - situado, possivelmente, num anexo junto ao luxuoso e emblemático Hotel Palácio Estoril, onde foram gravadas cenas do filme "007 - Ao Serviço de Sua Majestade".


Programa da semana de 13 a 18 de Outubro de 1970 do Palácio Cinema

Cine Esplanada Estoril - Supõe-se que tivesse sido um cinema ao ar-livre. A única coisa que se encontrou foi um anúncio publicitário de 1941, alusivo a este cinema.


Cinema do Centro Comercial do Cruzeiro - Situado no primeiro centro comercial a ser construído em Portugal e inaugurado em 1951, no Edifício Cruzeiro em Monte Estoril. Não se sabe a designação do cinema e por quanto tempo funcionou.

Fachada do antigo Centro Comercial do Cruzeiro

Cinema Suiça - espaço que existiu junto ao Edifício Cruzeiro. Não se sabe quanto tempo esteve aberto.

Cinelândia - A única informação existente sobre este cinema é a sua localização em São João do Estoril.

Cinema do Centro Comercial Galiza Shopping - Este centro comercial localiza-se na Rua Sacadura Cabral, nº 102 em São João do Estoril. Inaugurado a 1 de dezembro de 1983, é constituido por três pisos com 97 lojas. Noutros tempos, também teve uma pequena sala de cinema, que acabou por encerrar. Mais tarde foi comprada pela IURD, embora encontre-se abandonada há anos. Desde 2008 que a Câmara Municipal de Cascais pretende adquirir esta antiga sala de cinema, por forma a transformá-la num pólo cultural.


Se alguém souber mais informações sobre estes cinemas, convido a partilhar as mesmas com este blogue.


Fontes:

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2017/11/cinema-do-casino-estoril.html

http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06586.124.22130#!6

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2013/12/palacio-hotel-do-estoril.html

https://ephemerajpp.com/2018/10/14/programas-de-cinemas-do-estoril-cinema-palacio/

http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/04/grande-galiza-sao-joao-do-estoril.html

https://www.publico.pt/2008/05/08/jornal/camara-de-cascais-vai-comprar-antigo-cinema-de-sao-joao-260153

https://www.rtp.pt/noticias/pais/cruzeiro-o-renascer-do-iconico-edificio-cascalense_es966846

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2016/09/primeiros-centros-comerciais.html

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2018/12/casino-da-praia-em-cascais.html

https://biblioteca.cascais.pt/bibliotecadigital/HPC31_1930a1935/HPC31_1930a1935_item2/HPC31_1935/HPC31_1935_item2/HPC31_1935_PDF/HPC31_1935_PDF_24-C-R0150/HPC31_1935_137_AnoV137_t24-C-R0150.pdf

Cinemas do Paraíso: Linha de Cascais - Algés

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O ano de 2021 retorna o passeio pela Linha de Cascais, sendo que a primeira paragem será em Algés, freguesia do Concelho de Oeiras. A localidade de Algés também foi abonada de salas de cinemas, que deixaram muitas saudades nos seus habitantes.

O primeiro cinema a ser abordado tem a designação de Stadium, e situava-se no Clube Desportivo de "Sport Algés e Dafundo", fundado em 19 de Junho de 1915 e localizado na Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 88. Para além da sua natureza desportiva, este clube começou a exibir filmes a partir de 1928, adaptando, para o efeito, uma das bancadas debaixo do relógio.

No entanto, a 17 de maio de 1936, o Cinema Stadium é inaugurado com 821 lugares e 14 camarotes. Pretendia-se que este espaço fosse uma área de lazer e de recriação cultural dos associados, bem como uma fonte de receitas estáveis para o clube.



Os anos seguintes vieram comprovar de que a abertura do cinema tinha sido acertada. Em 1945, o cinema continuava a ser a principal fonte de receita deste clube. O seu movimento anual ascendera aos 700 contos e o lucro da gerência fora de 222.051$43, quase o dobro do ano anterior.




Até meados da década de 1960, este cinema tornou-se num importante polo dinamizador da comunidade envolvente e, através da publicidade e das receitas directas, um elemento primordial na consolidação financeira do clube. Contudo, a partir desta década para a frente, e com a proliferação de espaços alternativos e a inauguração da Televisão, a atracção deste cinema foi-se tornando cada vez menor, culminando na diminuição das receitas. Acabou por encerrar por volta de 1986, apesar da sua utilização para celebrações esporádicas e cedência a instituições interessadas.



Na Avenida dos Bombeiros Voluntários de Algés, n.º 44 localiza-se o antigo Cinema 2000, inaugurado em 1976. Desconheço a história deste cinema, que encerrou portas em final de 1989 (de acordo com o defunto matutino Diário de Lisboa).

O que se sabe é que situava-se num pequeno centro comercial com o mesmo nome e que a sua sala era pequena, com pouca inclinação e era forrada com alcatifa, quer no chão, como nas paredes. No fundo, era uma típica obra da década de 1970, onde se aproveitavam as caves e garagens dos prédios de habitação para se instalar uma sala de cinema. O bilhete em 1977 custava 37$50, valor algo elevado para a época.

Para ler um pouco das experiências vividas neste cinema e no Cinema Stadium, visitem esta página de FB: https://www.facebook.com/page/516057861822191/search/?q=cinema%202000.

Serviu como armazém da NOS, mas actualmente encontra-se ao abandono, sem qualquer fim de utilização à vista.

Cinema 2000 - 1977


Entrada e bilheteira do Cinema 2000


Cartaz de cinema do Diário de Lisboa - 22.12.1989


Interior do Cinema 2000, ano de 2012 - cortesia de David Ferreira


As últimas sala de cinema existentes em Algés localizavam-se no Centro Comercial Dolce Vita Miraflores, situado na Avenida das Túlipas, 6. Estas quatro salas eram geridas pela NOS Lusomundo e equipadas com projecção digital. A Sala 1 tinha 94 lugares, Sala 2 tinha 76 lugares, Sala 3 tinha 93 lugares e a Sala 4 tinha 88 lugares. 

Com a falência da marca Dolce Vita, este centro comercial encontra-se actualmente para venda.



Fontes:

- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2016/07/sport-alges-e-dafundo.html

-http://www.ammamagazine.com/mais-espacos-vamos-conhecer/mais-espacos-vamos-conhecer-clubes-associacoes/2109-sport-alges-e-dafundo

- https://www.facebook.com/gazetamiraflores/posts/1975938572500772/

http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/05/stadium-alges.html

- https://www.facebook.com/gazetamiraflores/posts/1050319215062717/

- http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2013/12/dolce-vita-miraflores-miraflores.html




Cinemas do Paraíso: Linha de Cascais - Paço de Arcos

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Depois da visita feita pelas memórias cinematográficas de Algés, a paragem seguinte será feita na vila veraneante de Paço de Arcos.

Paço de Arcos teve uma sala de cinema, localizada bem no centro da vila, na Avenida Marquês de Pombal. Tudo começou com uma vivenda, cuja existência reporta-se a 1907, conhecida na época como a "Vivenda Taylor". Foi neste imóvel que o Príncipe D. Afonso de Bragança foi recebido, por forma a assistir a uma regata no Rio Tejo.

Em 1945, este imóvel seria convertido num Cine-Teatro, com a designação de Cinema  Filipe Taylor.

Planta da Plateia do Cinema Filipe Taylor

Imagem da Avenida Marquês de Pombal

Programa do Cine-Teatro de Paço D´Arcos - 17 a 31 de Agosto 1965

Bilhete do Cine-Teatro de Paço de Arcos - 29.09.1953

Mais tarde, este cinema voltaria a mudar a designação para Cine-Teatro Chaplin

Bilhete do Cine-Teatro Chaplin

Na década de 1990 do Séc. XX, este imóvel foi transformado em edificio de comércio e escritórios, sendo que actualmente alberga uma sucursal bancária.




Fontes:

https://arquivo.cm-oeiras.pt/digitalizacao/Imagem.aspx?ID=939758&Mode=M&Linha=1&Coluna=1 

https://www.cm-oeiras.pt/pt/descobrir/arquivomunicipal/Documents/Divulga%C3%A7%C3%A3o%20Facebook_2019.pdf

https://kantophotomatico.blogspot.com/2020/08/o-coreto-e-o-jardim-de-paco-de-arcos.html

http://osbardinos.blogspot.com/2009/08/recordacoes-do-nosso-tempo-01.html

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